quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Brinquedos eletrônicos barulhentos podem dificultar a fala das crianças

Um estudo publicado no JAMA Pediatrics descobriu que lactentes (crianças até 2 anos) falam menos quando seus brinquedos falam, cantam ou acendem-se mais

Entenda:


Chegamos ao Natal e pais, avós e padrinhos se esforçam para encontrar os presentes perfeitos. Entretanto, uma nova pesquisa sugere que os brinquedos eletrônicos que se acendem, falar ou tocam música pode retardar o desenvolvimento da linguagem em crianças. Apesar de parecerem ideais para o desenvolvimento de mentes, os resultados do estudo oferecem uma base para desencorajar a compra de brinquedos eletrônicos que são promovidos como educacionais e muitas vezes são muito caros.

Por outro lado, quando pais e filhos se envolvem em conversas durante jogos, o estímulo ajuda a ensinar a linguagem aos filhos e lançar as bases para a alfabetização, ensinar a interpretação (role-playing) dando aos pais uma janela na fase de desenvolvimento e enfrentamento de desafios pelos filhos, e ensinar habilidades sociais, tais como troca de turno e liderança, aceitando a dos outros.



O que este estudo traz:

O estudo envolveu 26 pares de pais e filhos com idades entre 10 meses a 16 meses. Usando equipamentos de áudio, e os investigadores gravaram os sons em casas dos participantes para monitorar sua reprodução. Cada família recebeu três conjuntos de brinquedos. O primeiro conjunto incluído brinquedos eletrônicos, tais como um laptop para bebês, uma fazenda falante e um celular para bebês. O segundo conjunto incluía brinquedos tradicionais, como quebra-cabeças de madeira, um classificador de formas e blocos de borracha com fotos. Os participantes também receberam cinco livros-placas temáticos com animais de criação, formas ou cores.

Os brinquedos eletrônicos que falavam, se iluminavam e cantavam canções eram menos benéficos para o desenvolvimento da linguagem do que os tradicionais brinquedos ou livros. Estes brinquedos chamativos e populares produziram uma quantidade menor e qualidade pior da linguagem do que outros brinquedos tradicionais.


Enquanto as crianças estavam brincando com brinquedos eletrônicos, seus pais também falaram menos, houve também menos trocas verbais entre os pais e seus filhos, e os pais responderam com menos frequência para as crianças. Os bebês também eram menos vocais e produziram menos palavras de conteúdo específico enquanto brincavam com brinquedos eletrônicos barulhentos. Livros, por outro lado, produziram os intercâmbios mais verbais entre os pais e seus bebês.


Estes resultados ampliam o corpo de evidências que suportam os benefícios potenciais da leitura do livro com as crianças muito jovens. Além disso, jogos com brinquedos tradicionais podem resultar em interações comunicativas que são tão ricos como aqueles que ocorrem durante a leitura do livro.

Embora se trate de um estudo pequeno e com pouca diversidade sócio-cultural (a maioria das famílias veio de origens semelhantes), o estudo aponta que brinquedos eletrônicos que fazem ruídos ou acendem são extremamente eficazes em comandar a atenção das crianças, ativando seu reflexo de orientação. Este reflexo primitivo obriga a mente a se concentrar em novos estímulos visuais ou auditivas,

Finalmente, os autores sugerem que os pais com agendas lotadas tentem aproveitar ao máximo o tempo de qualidade que eles têm com seus filhos pequenos.

O artigo foi anunciado em um comunicado de imprensa do JAMA Pediatrics ontem, dia 23 de dezembro de 2015, portanto depois que a maioria dos adultos já fez suas compras de Natal. Fica a dica para os próximos. E um Feliz Natal aos leitores do Blog MFCbr.


Leia o Editorial em Livre acesso:



O artigo estará disponível em 28 de dezembro no JAMA Ped:

Sosa AV. Association of the type of toy used during play with the quantity and quality of parent-infant communication [published online December 28, 2015]. JAMA Pediatr. doi:10.1001/jamapediatrics.2015.3753.


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Publicado originalmente por Leonardo C M Savassi em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com