segunda-feira, 30 de maio de 2011

Atenção Primária Orientada para a Comunidade


Alô, comunidade!

Esse post é direcionado a profissionais que atuam na Estratégia de Saúde da Família e desejam realizar alguma prática comunitária, porém se sentem sem idéias, inseguros de como fazê-lo, ou simplesmente em dúvida se funciona ou não.

Postarei aqui dois links muito úteis, que podem ajudar nestas questões.

O primeiro se chama The Guide to Community Preventive Services.


Trata-se de um site de acesso gratuito que ajudará você a escolher programas e políticas para melhorar a saúde e prevenir a doença em sua comunidade. Nele, revisões sistemáticas são utilizadas para responder a estas perguntas:

- Qual o programa e as intervenções políticas têm se mostrado eficazes?
- Existem intervenções eficazes, que servem para a minha comunidade?
- Quanto poderiam custar essas intervenções, e qual é o provável retorno do investimento?


Outro site útil, este em espanhol, é o PACAP (Programa de Actividades Comunitárias en Atención Primaria), desenvolvido pela Sociedade Espanhola de Medicina de Familia e Comunidade.


Em destaque, no setor de publicações, um manual de como planejar e executar atividades orientadas à comunidade. Para baixar o arquivo em pdf, clique aqui.

Espero que seja útil.



Publicado originalmente por Gustavo Landsberg em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com

sábado, 28 de maio de 2011

Dieta rica em cálcio não tem efeito aparente benéfico no risco de fratura

Dietary calcium intake and risk of fracture and osteoporosis: prospective longitudinal cohort study

A ingestão de cálcio acima de determinados níveis tem pouco efeito sobre o risco das mulheres para a fratura ou osteoporose,segundo um estudo do BMJ. Os pesquisadores acompanharam cerca de 60.000 mulheres,com idade de cerca de 55 no início do estudo, há 20 anos. A ingestão de cálcio foi estimada por meio de questionários de frequência alimentar, e uma subcoorte foi submetida a avaliação da densidade mineral óssea.

As pacientes foram divididos em quintis de ingestão de cálcio acumulado. Aquelas com rendimentos mais baixos tiveram maior risco de ter uma primeira fratura de qualquer tipo, fratura de quadril, ou osteoporose durante o seguimento, quando comparadas com o quintil médio (grupo de referência). Após ajuste multivariado, aquelas do quintil de consumo mais elevado não apresentaram maior vantagem para evitar a fratura. De fato, o risco de fratura de quadril foi maior entre aquelas com as maiores quantidades de cálcio.

Os autores dizem que seus resultados sugerem que na prevenção de fraturas osteoporóticas, "a ênfase deve ser colocada em indivíduos com baixa ingestão de cálcio ao invés de aumentar o consumo desses montantes já consome satisfatório."

Leia abaixo o resumo (traduzido) e o abstract

Resumo

Objetivo: investigar associações entre a ingestão a longo prazoda dieta de cálcioe de risco de fratura de qualquer tipo, fraturas de quadril, e osteoporose.

Design: Um estudo de coorte longitudinal prospectivo, com base na Swedish Mammography Cohort, incluindo um subcoorte, a Swedish Mammography Cohort Clinical. Uma configuração de coorte de base populacional na Suécia criada em 1987.

Participantes 61 433 mulheres (nascidos entre 1914 e 1948)foramacompanhados por 19 anos. 5.022 destas mulheresparticiparam do subcohort.

Os principais parâmetros de medidas de desfecho primárias foram incidentefraturas de qualquer tipo e fraturas do quadril, queforam identificados a partir de dados do Registro. O desfecho secundário foi a osteoporose diagnosticada porabsorciometria de dupla energia de raios x na subcoorte. A dieta foiavaliadaatravés de questionários de frequência alimentar repetida.

Resultados Durante o seguimento, 14 738 mulheres (24%) tiveram uma primeira fratura de qualquer tipo e, entre elas 3.871(6%), fratura de quadril a primeira vez. Das 5.022 mulheres na subcoorte, 1012 (20%) foram avaliadas comoosteoporose. Os padrões de risco com o cálcio da dieta eram não-lineares. A taxabruta de uma primeira fratura de qualquer tipo foi 17.2/1000 pessoas-ano em risco no quintil de ingestão de cálcio, e 14.0/1000 pessoas-ano em risco noterceiro quintil, correspondendo a uma taxa de risco multivariado ajustado de 1,18 (95 % intervalo de confiança de 1,12-1,25). A taxa de risco para uma fraturade quadril primeira foi de 1,29 (1,17-1,43) e a razão de chances de osteoporosefoi de 1,47 (1,09-2,00). Comum a baixa ingestão de vitamina D, a taxa de fraturano quinto quintil cálcio primeiro foi mais pronunciado. A maior quintil de ingestão de cálcio não reduzir ainda mais o risco de fraturas de qualquer tipo, ou deosteoporose, mas foi associado com uma maior taxa de fratura de quadril, hazard ratio 1,19 (1,06-1,32).

Conclusão aumentos graduais na ingestão de cálcio acima do primeiro quintil da população feminina sueca não foram associados com maiores reduções no risco de fratura ou osteoporose.


Abstract

Objective To investigate associations between long term dietary intake of calcium and risk of fracture of any type, hip fractures, and osteoporosis.

Design A longitudinal and prospective cohort study, based on the Swedish Mammography Cohort, including a subcohort, the Swedish Mammography Cohort Clinical.

Setting A population based cohort in Sweden established in 1987.

Participants 61 433 women (born between 1914 and 1948) were followed up for 19 years. 5022 of these women participated in the subcohort.

Main outcome measures Primary outcome measures were incident fractures of any type and hip fractures, which were identified from registry data. Secondary outcome was osteoporosis diagnosed by dual energy x ray absorptiometry in the subcohort. Diet was assessed by repeated food frequency questionnaires.

Results During follow-up, 14 738 women (24%) experienced a first fracture of any type and among them 3871 (6%) a first hip fracture. Of the 5022 women in the subcohort, 1012 (20%) were measured as osteoporotic. The risk patterns with dietary calcium were non-linear. The crude rate of a first fracture of any type was 17.2/1000 person years at risk in the lowest quintile of calcium intake, and 14.0/1000 person years at risk in the third quintile, corresponding to a multivariable adjusted hazard ratio of 1.18 (95% confidence interval 1.12 to 1.25). The hazard ratio for a first hip fracture was 1.29 (1.17 to 1.43) and the odds ratio for osteoporosis was 1.47 (1.09 to 2.00). With a low vitamin D intake, the rate of fracture in the first calcium quintile was more pronounced. The highest quintile of calcium intake did not further reduce the risk of fractures of any type, or of osteoporosis, but was associated with a higher rate of hip fracture, hazard ratio 1.19 (1.06 to 1.32).

Conclusion Gradual increases in dietary calcium intake above the first quintile in our female population were not associated with further reductions in fracture risk or osteoporosis.


Acesso ao artigo:

BMJ - helping doctors make better decisions

Link alternativo para o artigo completo: http://www.bmj.com/content/342/bmj.d1473.full

Leia também nota do Medline Health Plus:





Publicado originalmente por Leonardo C M Savassi

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Uso, satisfação e avaliação do SUS

Por Leonardo Savassi, presidente da Associação Médica de Betim e Docente da Universidade Federal de Ouro Preto (Postado originalmente no Blog Saúde com Dilma)

Qual é o SUS que enxergamos?

Acostumamo-nos a ouvir a frase (e eu sou um dos que já a repeti várias vezes): “no dia em que a Classe Média utilizar o SUS, o serviço vai melhorar”. Tem até certa lógica, pois a Classe Média sempre foi formadora de opinião neste país, e a herança cultural dela nos permite inferir que ela ao menos é mais politizada.

Só que este argumento é falso. Duplamente falso. Primeiro porque a Classe Média já utiliza o SUS, cotidianamente. Segundo porque a Classe Média é formada pela opinião da mídia, seja ela marrom, vermelha, verde ou azul, para só então formar a sua opinião.

A Classe Média pode tentar se gabar de não utilizar o SUS “porque tem Plano de Saúde”. Só se esquece que come, compra remédios, vive em sociedade e se beneficia de pesquisas de laboratórios voltados para problemas de saúde pública (e não para problemas que darão retorno financeiro). Além disto, por mais que tenhamos dificuldades no controle de endemias, ela se beneficia do combate às zoonoses. Em outras palavras: se ela come, está usando a ANVISA (Agência de Vigilância Sanitária). Se ela compra remédios, também. Se ela hoje não está em meio a diversas epidemias, é porque existe a Vigilância Epidemiológica. Se ela tem tratamento para doenças negligenciadas, como tuberculose, hanseníase, leishmaniose, isto se deve a laboratórios de pesquisa, como os diversos laboratórios da Fiocruz e de vários outros. 1

Tudo bem, ela utiliza estes serviços, mas ainda poderia dizer que não usa o serviço assistencial do SUS. Outro engano. Podemos simplesmente citar o exemplo das vacinas, que são dadas gratuitamente em Unidades de Saúde por todo o país, consumidas e reconhecidas por todos como de alta eficácia (superior a das vacinas da rede privada) e qualidade. Ou podemos lembrar que, além de usufruir da ANVISA (sem saber ou lembrar), hoje há um programa de distribuição gratuita de medicamentos tanto nas Unidades do SUS quanto na rede privada (em outro momento podemos discutir a Farmácia Popular sob a ótica do uso da verba do SUS voltado para grandes empresas de comércio farmacêutico). Ainda assim algumas pessoas não estariam suficientemente convencidas.

Podemos até lembrar que pacientes HIV positivos (bem como pessoas vivendo com várias outras doenças), recebem gratuitamente medicamentos produzidos no país, ou subsidiados pelo governo. Ou que os planos de saúde despejam a conta do alto custo (e seus respectivos pacientes) no setor público do SUS. E até mesmo entrar na polêmica da judicialização da medicina, onde o direito médico consegue tratamentos gratuitos para pacientes.

Finalmente, podemos lembrar que, por estarmos dentro de um Sistema Único, tudo o que é gasto em saúde se traduz em abatimento no Imposto de Renda, integralmente. Ou seja, o que se gasta na sessão suplementar do SUS é devolvido ao cidadão depois de um ano, dinheiro este que poderia estar subsidiando a porção pública do sistema. Para isto, basta lembrar que na educação não há desconto integral, pois não há um Sistema Único de Educação (se existisse, as caras escolas e faculdades pagas pela Classe Média seriam também “descontáveis” integralmente). O desconto é restrito a cerca de R$3.000 por dependente.

Posto isto, a avaliação da satisfação do brasileiro com seu sistema de saúde é pauta recente na mídia e nos órgãos de discussão em saúde pública. E demonstrou alguns pontos que merecem destaque.

Depois que uma pesquisa apontou a saúde como o principal desafio do governo Dilma2, e depois que ela mesma incluiu a Saúde como meta principal, junto à erradicação da miséria, a Saúde ampliou seus holofotes. Não que já não existissem, pois costumo ponderar que Saúde sempre será o carro chefe da oposição em qualquer governo, pois sempre há mais o que fazer para melhorá-la (ou... lei do saco sem fundo).

Na Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade um estudo sobre satisfação do usuário3,4 conduzida Porto Alegre-RS, comparou a satisfação de usuários de acordo com a qualidade da atenção recebida (alto escore de APS vs. baixo escore de APS) utilizando o Instrumento de Avaliação da Atenção Primária (PCATool), e um questionário referente à última consulta. Observou-se diferença significativa nas 12 variáveis que refletem a satisfação em vários aspectos da consulta, demonstrando maior satisfação em usuários que classificaram o seu serviço como de alto escore para APS, com 95,6% e 73,5% de "satisfeitos" nos serviços com alto e baixo escore de APS, respectivamente (p<0,001).

A pesquisa de janeiro do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA)5,6 gerou grandes discussões sobre o tema. Em linhas gerais, ela demonstrou mais de 80% de satisfação com a Estratégia Saúde da Família. E apontou um dado importantíssimo: quem utilizou assistencialmente a porção pública do SUS nos 12 meses que antecederam a pesquisa o avaliou melhor do que aqueles que não o utilizaram, ainda que no geral as avaliações tenham se situado em sua maioria na linha do regular.

Recentemente foi publicizada uma pesquisa do Observatório de Recursos Humanos em Saúde da UFMG7 que monitorizou resultados, desempenho e satisfação dos usuários da atenção primária em Belo Horizonte, e apresentou a percepção dos usuários sobre o serviço disponibilizado pela Unidade Básica e seus profissionais, de acordo com seis dos sete atributos básicos da Atenção Primária6. Foram avaliadas todas as 512 equipes da rede belorizontina e os resultados apontaram os seguintes índices de satisfação para os seis componentes: 86,60% para integralidade da atenção, 86,04% para a orientação voltada para a comunidade, 84,94% para acessibilidade/ primeiro contato, 78,14% para atuação com foco na Família, 75,22% para a longitudinalidade/ horizontalidade da atenção e 61,48% para a coordenação do cuidado.

Portanto, em linhas gerais, podemos observar níveis que variam de 61% a 95% de satisfação com a saúde oferecida especialmente pelos serviços de Atenção Primária com organização voltada para a satisfação dos princípios da Atenção Primária (leia-se: os 51% de assistência da Estratégia Saúde da Família), e a maior percepção de qualidade de quem utiliza com freqüência os serviços públicos assistenciais do SUS em relação a quem acha que não usa (leia-se Classe Média).

Atendi nesta noite 12 pacientes pediátricos do SUS em um plantão na região metropolitana de Belo Horizonte e posso afirmar que todos saíram com um sorriso no rosto maior do que habitualmente encontro nos plantões da rede suplementar de saúde. Teorias conspiratórias a parte, resta saber a quem interessa manter a pecha de que o sistema público de saúde é pior que o sistema suplementar.

1. De Lavor, A; Dominguez, B; Machado, K. O SUS que não se vê. Radis 104, Abr 2011. P. 9-17. Disponível em http://www4.ensp.fiocruz.br/radis/104/sumario.html (veja na íntegra abaixo)

2. Savassi, LCM. O programa da Vênus e a caça ao SUS. [Blog Saúde com Dilma]Disponível em http://saudedilma.wordpress.com/2011/04/09/g-e-a-caca-ao-sus/

3. Zils, AA; Castro, RCL; Oliveir, MMCO; Harzheim, E; Duncan, BB.Satisfação dos usuários da rede de Atenção Primária de Porto Alegre. RBMFC v. 4, n. 16 (2009). P. 270-6. Disponível em http://www.rbmfc.org.br/index.php/rbmfc/article/view/233

4. Savassi, LCM. A satisfação do usuário e a autopercepção da saúde em atenção primária RBMFC, v. 5, n. 17, (2010) p. 3-5. Disponível em: http://www.rbmfc.org.br/index.php/rbmfc/article/view/135

5. IPEA. Sistema de Indicadores de Percepção Social Saúde. Brasília: IPEA2011. 20 p. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/SIPS/110207_sipssaude.pdf

6. Savassi, LCM. Estratégia Saúde da Família é aprovada por 80% dos usuários do SUS. [Blog Saúde com Dilma] Disponível em http://saudedilma.wordpress.com/2011/02/09/estrategia-saude-da-familia-e-aprovada-por-80-dos-usuarios-do-sus/

7. Observatório de Recursos Humanos em Saúde, FACE/UFMG. Saúde da Família – Desafios e Perspectivas a partir da Experiência de Belo Horizonte. Auditório do BDMG, 08 de abril de 2011. Disponível em: http://www.rededepesquisaaps.org.br/UserFiles/File/estudoBh.pdf

8. Starfield, B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO, Ministério da Saúde, 2002. 726p. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ue000039.pdf


Publicado originalmente por Leonardo C M Savassi

TCE: observar ou tomografar?

The Effect of Observation on Cranial Computed Tomography Utilization for Children After Blunt Head Trauma

A observação clínica de crianças depois de uma lesão na cabeça (traumatismo crânio-encefálico/ TCE) pode ajudar a revelar quais precisam de uma tomografia computadorizada (TC), segundo estudo da revista Pediatrics.

Trata-se de uma boa estratégia para as crianças que têm algum risco de uma lesão cerebral grave, mas não apresentam sintomas graves. Se o paciente procura o pronto-atendimento logo após um ferimento na cabeça, você pode simplesmente não ter tido tempo suficiente para que os sintomas se desenvolverem. Ou o paciente pode ​​ter alguns sintomas preocupantes, mas é necessário um pouco de tempo antes de tomar uma decisão sobre fazer um raio-x. Este estudo traz novas informações importantes sobre o que observar antes de tomar essa decisão.

Foram revisados dados de mais de 40 mil crianças com TCE que foram levados para 25 salas de emergência de diferentes centros. Os dados originais foram recolhidos pela Pediatric Emergency Applied Research Network. Um gráfico de notas indicou se cada criança foi internada para observação antes que os médicos decidiram ou não realizar uma tomografia computadorizada.

Cerca de 5.400 crianças - ou 1 em 7 foram observados. Essas crianças têm menos probabilidades de obter uma TC: 31% vs 35%, quando os médicos tomaram a decisão de imediato. Em ambos os grupos, menos de 1% teve uma lesão cerebral grave. Vinte e seis crianças que foram observadas e enviadas para casa sem uma tomografia computadorizada voltaram mais tarde para um raio-x. Apenas uma dessas crianças teve uma varredura positiva.

A conclusão de que observar algumas crianças antes de tomar a decisão sobre uma tomografia computadorizada pode ser uma maneira segura e eficaz de reduzir o número daqueles scans.

TCE: observar em casa, no hospital ou solicitar imagem?

O estudo já é um reflexo da prática clínica, inclusive no Brasil: em casos graves, inicia-se uma varredura de imediato e nos casos em que os sintomas são suficientemente leves, geralmente a criança é liberada para casa ou observada para ver se há qualquer alteração. No caso de dúvidas, opta-se pela observação.

Ainda assim algumas questões permanecem. Por exemplo, não está claro quanto tempo faz sentido para observar as crianças antes de decidir fazer uma tomografia computadorizada ou enviá-los para casa. No Brasil, os pronto-atendimentos tem por regra a observação clínica por seis ou doze horas do paciente antes de liberá-lo para observação em casa.

Leia abaixo a tradução do resumo e o original em Inglês:


O efeito da observação sobre a utilização tomografia computadorizada craniana para crianças após trauma crânio-encefálico


Resumo

Objetivo: As crianças com trauma craniano leve sem corte são freqüentemente observados no serviço de emergência antes da tomada dedecisão a respeito do uso da tomografia computadorizada. Estudou-se o impacto desta estratégia clínica sobre o uso da tomografia computadorizada e os desfechos.

Métodos: Foi realizada uma sub-análise de um estudo prospectivo, multicêntrico observacional de crianças com traumatismo craniano leve sem corte. Os formulários médicos de relato de caso indicaram se a criança foi observada antes da decisão acerca da tomografia computadorizada. Definiu-se uma lesão cerebral traumática como clinicamente importantes como: uma lesão intracraniana resultando em morte, intervenção neurocirúrgica, intubação por mais de 24 horas, ou internação por 2 noites ou mais. Para comparar as taxas de tomografia computadorizada entre as crianças observadas vs não observadas antes da tomada de decisão , foi utilizado um modelo de equações generalizadas para a estimativa de controle de cluster hospitalar e características do paciente.

Resultados: Das 42 412 crianças participaram do estudo, os médicos anotaram se o paciente foi observado antes de tomar uma decisão sobre a tomografia computadorizada em 40 113 (95%). Destas, 5.433 (14%) crianças foram observadas. A taxa de utilização da tomografia computadorizada foi inferior nos pacientes que foram observados em relação aos que não foram observados (31,1% vs 35,0%; diferença: -3,9% [intervalo de confiança 95%: -5,3 a -2,6]), mas a taxa de lesão cerebral traumática clinicamente importante foi semelhante (0,75% vs 0,87%; diferença: -0,1% [intervalo de confiança 95%: -0,4 a 0,1]). Após o ajuste para as características do hospital e paciente, a diferença na taxa de utilização de tomografia computadorizada permaneceu significativa (odds ratio ajustada para a obtenção de uma tomografia computadorizada no grupo observou: 0,53 [intervalo de confiança 95%: 0,43-0,66]).

Conclusões: A observação clínica foi associada com o uso da tomografia computadorizada reduzido entre as crianças com trauma craniano leve sem corte e pode ser uma estratégia eficaz para reduzir o uso de tomografia computadorizada.


Abstract

Objective: Children with minor blunt head trauma often are observed in the emergency department before a decision is made regarding computed tomography use. We studied the impact of this clinical strategy on computed tomography use and outcomes.

Methods: We performed a subanalysis of a prospective multicenter observational study of children with minor blunt head trauma. Clinicians completed case report forms indicating whether the child was observed before making a decision regarding computed tomography. We defined clinically important traumatic brain injury as an intracranial injury resulting in death, neurosurgical intervention, intubation for longer than 24 hours, or hospital admission for 2 nights or longer. To compare computed tomography rates between children observed and those not observed before a decision was made regarding computed tomography use, we used a generalized estimating equation model to control for hospital clustering and patient characteristics.

Results: Of 42 412 children enrolled in the study, clinicians noted if the patient was observed before making a decision on computed tomography in 40 113 (95%). Of these, 5433 (14%) children were observed. The computed tomography use rate was lower in those observed than in those not observed (31.1% vs 35.0%; difference: −3.9% [95% confidence interval: −5.3 to −2.6]), but the rate of clinically important traumatic brain injury was similar (0.75% vs 0.87%; difference: −0.1% [95% confidence interval: −0.4 to 0.1]). After adjustment for hospital and patient characteristics, the difference in the computed tomography use rate remained significant (adjusted odds ratio for obtaining a computed tomography in the observed group: 0.53 [95% confidence interval: 0.43–0.66]).

Conclusions: Clinical observation was associated with reduced computed tomography use among children with minor blunt head trauma and may be an effective strategy to reduce computed tomography use.

Acesso ao artigo:





Publicado originalmente por Leonardo Savassi
SOURCE: http://bit.ly/l8JDYM

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Chega de Dr. Google



A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade incorporou ao seu site uma nova sessão intituladaPor dentro da Saúde com o Dr. MFC”
.

Trata-se de um espaço destinado à população, onde se poderá ter acesso a informações elaboradas por médicos de família e comunidade sobre as principais doenças existentes no Brasil, suas principais causas, sintomas, entre outras curiosidades.

Em tempos em que o problema não se trata ter acesso à informação, e sim como selecioná-la, torna-se útil uma iniciativa como esta - não apenas para a população geral, mas também para os próprios médicos, que poderão recomendar aos seus pacientes essa fonte.

Os texto apresentam linguagem extremamente acessível e foram escolhidos temas comuns na prática clínica. Até o momento, encontram-se no site os seguintes tópicos:


Além dos textos, é possível ainda encaminhar dúvidas e sugestões de novos temas ao e-mail dr.mfc@sbmfc.org.br

Aproveite!



Publicado originalmente por Gustavo Landsberg em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Saúde no Brasil - Especial The Lancet em livre acesso

Health in Brazil

A revista The Lancet lança uma série acerca da saúde no Brasil. Produzida por autores brasileiros, a revista teve o cuidado de disponibilizar em livre acesso a versão em Português, enquanto permanece fechada em Inglês.

Leia a introdução (traduzida):

"Saúde no Brasil"
Brasília, 09 de maio de 2011

O Brasil proporcionou melhorias significativas na saúde materno-infantil,atendimento de emergência, e na redução da carga de doenças infecciosas. Mas a notícia não é de tudo boa. O país continua a ter uma carga de mortalidade devido a lesão, diferente de outros países, devido ao grande número de assassinatos, especialmente utilizando armas de fogo. Os níveis de obesidade estão a aumentar e as taxas de cesariana são mais altas do mundo.

Brasil tem agora a oportunidade de se aproximar do seu objetivo último de saúde universal, eqüitativa e sustentável, tal como consagrado na Constituição de 1988. Para realçar essa oportunidade, The Lancet publica uma série de seis artigos que examinam criticamente o que alcançaram as políticas do país e os desafios futuros. Como Cesar Victora e colaboradores concluem no documento final da Série: "o desafio é, em última análise, político, requer a participação contínua da sociedade brasileira como um todo para garantir o direito à saúde para todo o povo brasileiro."

Segundo a Abrasco, que participou do lançamento da série “A Saúde dos Brasileiros”, uma equipe de 29 especialistas em saúde pública preparou seis artigos científicos que descrevem a história da assistência à saúde no Brasil, com ênfase na implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), e a evolução dos principais problemas de saúde brasileiros, seus determinantes e fatores de risco.

Artigos específicos descrevem o desenvolvimento do SUS, a saúde materno-infantil, doenças infecciosas e doenças e agravos não transmissíveis (DANTs) crônicos, e as causas externas. A série de artigos é encerrada com um chamado para a ação dirigido a todos os setores da: governo, trabalhadores de saúde, setor privado, universidades e instituições de ensino e pesquisa e a sociedade civil em geral.

A série completa com os seis artigos e com comentários dos editores da revista e pesquisadores convidados poderá ser acessada aqui:










Conteúdo do exemplar:

Series Papers

The Brazilian health system: history, advances, and challenges

Maternal and child health in Brazil: progress and challenges

Successes and failures in the control of infectious diseases in Brazil: social and environmental context, policies, interventions, and research needs

Chronic non-communicable diseases in Brazil: burden and current challenges

Violence and injuries in Brazil: the effect, progress made, and challenges ahead

Health conditions and health-policy innovations in Brazil: the way forward

Publicado originalmente por Leonardo C M Savassi em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com

terça-feira, 10 de maio de 2011

RBMFC divulga novo portal e política editorial

Revista está online e deseja estimular a publicação.

Com intuito de estimular a produção científica entre os médicos de família e comunidade e todos os profissionais vinculados à Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil, a Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (RBMFC), publicação científica trimestral da SBMFC, convida todos a visitarem seu novo portal www.rbmfc.org.br, e conhecerem sua nova Política Editorial.

Além de agora possuir acesso eletrônico ilimitado e gratuito a todo seu conteúdo, a RBMFC criou também novas seções para estimular o envio de artigos para a Revista, incluindo textos com conteúdo opinativo e cultural.

O objetivo é alcançar um maior número e autores e leitores, com foco em três eixos: Atenção Primária à Saúde (APS), Estratégia Saúde da Família (ESF) e Medicina de Família e Comunidade (MFC).

Atualmente, o corpo editorial da RBMFC é composto por 70 avaliadores, fator que contribui para um prazo médio de avaliação de cinco semanas.

Encaminhe seu artigo e participe da edição 19 (abril/junho 2011), equivalente ao sexto volume da série. A última edição publicada é a de número 17 e, em breve sairá a 18ª.

A submissões de artigos na RBMFC é gratuita. A revista é de acesso livre on-line no site www.rbmfc.org.br e distruibuida nacionalmente para os associados da SBMFC, bibliotecas de faculdades de áreas afins.

Confira algumas das vantagens da RBMFC para os autores e leitores:

1. Pontuação CNA

Publicação científica

a) artigos publicados em revistas médicas: 5 pontos por artigo;

Prova de Título (TEMFC)

a) Autoria principal de artigo publicado – 6 pontos
b) Co-autoria de artigo publicado – 5 pontos


2. Sistema Ahead of Print

A RBMFC adotou, a partir do início de 2011, a publicação de artigos Ahead of Print, ou seja, os textos completos dos artigos são publicados individualmente no SUMÁRIO de cada fascículo da versão eletrônica da RBMFC, assim que são finalizados os seus procedimentos editoriais, e antes
da publicação impressa.

Outros pontos:

Integração: Links internos e externos no artigo possibilitam acesso a outros textos do mesmo autor ou a assuntos correlatos, assim como acesso a diferentes partes do mesmo artigo.

Visibilidade: oferecida por meio de indexação automática e interoperabilidade com sistemas de busca como Google graças ao uso SEER -Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas. Acesse http://www.rbmfc.org.br

Acessibilidade: de posse de equipamento adequado o usuário pode acessar um artigo e/ou periódico de qualquer lugar em segundos.



Créditos pela Notícia:

Prof. Dr. Marcelo Marcos Piva Demarzo
Editor da Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade

David Matos Milhomens
Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade - SBMFC
davidmilhomens@gmail.com
Secretário Executivo da RBMFC
Bibliotecário CRB-14/1268

Publicado originalmente por Leonardo C M Savassi em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com

sábado, 7 de maio de 2011

Mapa da obesidade e sobrepeso

Uma boa imagem vale mais que mil palavras.

Abaixo, vemos no mapa-mundi as prevalências alarmantes de adultos com Índice de Massa Corporal acima de 25 (sobrepeso + obesidade), separadados por sexo. As imagens foram retiradas do site da OMS, que mantém uma base de dados atualizada sobre o tema (para acessar clique aqui).

As cores, como se pode ver, falam por si só:

Sobrepeso e obesidade (IMC>25) em homens de 15 a 100 anos.

Sobrepeso e obesidade (IMC>25) em homens de 15 a 100 anos.

Fonte: OMS




Publicado originalmente por Gustavo Landsberg em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com

Satisfação e o SUS que não se vê

Satisfação e utilização do Subsistema Público do SUS

Uma matéria da Revista Radis 104 tenta lembrar a todos o SUS que não se vê (e o SUS que alguns tentam se convencer de que não usam).

Outra matéria recentemente compartilhada pelo Observatório de Recursos Humanos em Saúde (FACE/ UFMG) aponta a satisfação dos usuários com a Atenção Primária de Belo Horizonte.

Baseado nestas excelentes matérias, foi feita uma postagem recente no Blog Saúde com Dilma, disponível em livre acesso.

Leia a Revista Radis:

O SUS que não se vê
Leia também:
- Premio da ENAP consagra Saúde da Família em 1º Lugar .
- Médicos de APS nos EEUU - satisfação, salário e atividades .
- Postagens recentes em ESF/ MFC .

Publicado originalmente por Leonardo C M Savassi em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com

terça-feira, 3 de maio de 2011

CURSO DE TERAPIA COMUNITÁRIA EM BH

CURSO DE TERAPIA COMUNITÁRIA EM BH

LOCAL DE REALIZAÇÃO
Belo Horizonte

A QUEM SE DESTINA
Psicólogos, Assistentes Sociais, enfermeiros, médicos, agentes comunitários de saúde, educadores, líderes comunitários, outros profissionais e atores da comunidade interessados em desenvolver projetos comunitários.

ORGANIZAÇÃO
Luciano Carneiro de Lima
Marlene Rodrigues Gomes da Silva
Maurino Bertoldo Silva

PROFESSORES
Flávio Rodrigues da Silva (Instituto Fênix)
Jeferson Jersey Filho (CEMUSI)
José Galvão da Silva Flávio (MISC Minas)
Luciano Carneiro de Lima (PBH)
Maria Arlete Santos (MISC Minas)
Marinete da Silva Morais (MISC Minas)
Marlene Rodrigues Gomes da Silva (MISC Minas)
Maurino Bertoldo Silva (Misc dos Vales)
Sandra Lúcia de Oliveira R. Silva (Instituto Fênix)
Selma Hinds (ABRATECOM)

CARGA HORÁRIA: 420 horas / aulas
- 160 h/a - Teórico-vivencial
- 80 h/a - Encontros de Intervisão
- 120 h/a – Prática: 48 Rodas de Terapia Comunitária
- 60 h/a - Formação Continuada

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
- A arte de cuidar;
- Terapia Comunitária: definição, objetivos e pressupostos epistemológicos;
- Ser terapeuta comunitário ou fazer Terapia Comunitária;
- A TCI e seus pilares teóricos:
. Pensamento sistêmico: contexto/processo/ relação,
. Uma abordagem relacional da comunicação humana,
. Resiliência: quando a carência gera competência,
. Antropologia cultural: cultura, crenças e valores,
. Método Paulo Freire: ação-reflexão, o diálogo como
fundamento para relações humanizadoras;
- O desenvolvimento da TCI: conhecendo as etapas da Roda de Terapia Comunitária (RTC);
- A implantação da TCI: a força da comunidade;
- Uma pedagogia para a crise;
- A linguagem da TCI;
- Práticas narrativas na TCI;
- Práticas de conversação colaborativa: construindo relações e saberes;
- A música como metáfora e construção de sentido;
- A percepção do ser humano como pessoa e função;
- Processos de questionamento e processos reflexivos;
- A mudança na linguagem interna;
- Família, Comunidades e Redes Sociais;
- Políticas públicas de saúde e Terapia Comunitária;
- Das sensações às emoções: mudanças;
- Dependência e co-dependência;
- Vivências do programa Cuidando do Cuidador;
- Treinamento da prática da RTC.

MÓDULOS:

I 17 a 19 de junho/2011
II 19 a 21 de agosto/2011
III 21 a 23 de outubro/2011
IV 18 a 20 de novembro/2011
V 17 a 19 de fevereiro/2012
VI 20 a 22 de abril/2012

(Módulo I: início 7h30, de sexta feira
e término às 17h, de domingo.
Demais módulos: início às 19h, de sexta-feira e término às 17 horas do domingo)

INTERVISÕES (das 8:00 às 17:00 horas):

I 16 de julho/2011
II 17 de setembro/2011
III 10 de dezembro/2011
IV 17 de março/2012
V 19 de maio/2012
VI 16 de junho/2012
VII 14 de julho/2012
VII 18 de agosto/2012
IX 15 de setembro/2012
X 20 de outubro/2012
XI 17 de novembro/2012

Maiores informações:

http://terapiacomunitariabh.blogspot.com/2011/05/curso-de-terapia-comunitaria-em-bh.html

Outras informações sobre Terapia Comunitária - www.abratecom.org.br


"A TERAPIA COMUNITÁRIA INTEGRATIVA (TCI) é um sistema terapêutico criado pelo médico psiquiatra Adalberto Barreto, da Universidade Federal do Ceará. Ela pode ser compreendida como uma prática de intervenção social de caráter transformador, preventivo, de cuidado e promoção da saúde, tendo como alvo a comunidade"

Publicado originalmente por Leonardo C M Savassi em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com