segunda-feira, 24 de junho de 2013

Como manter-se atualizado com evidências relevantes para o seu dia-a-dia

Todo o mundo sabe hoje em dia que a medicina baseada em evidência significa utilizar a melhor evidência científica disponível para tomar as decisões mais acertadas sobre cada caso individual. Mas como dispor das evidências na hora em que elas são necessárias?

Um bom passo nessa direção é o portal Saúde Baseada em Evidências, onde profissionais de saúde podem consultar bases de dados como o BestPractice. Cada uma dessas bases de dados são coletâneas de monografias, muito úteis para consulta rápida no meio do atendimento, tanto na atenção primária à saúde quanto em outros contextos.

Naturalmente, o portal Saúde Baseada em Evidências só é útil para quem tem acesso à Internet no local de trabalho. Além disso, não dá tempo para ficar consultando o portal em todos os atendimentos. A atualização deve acontecer em outro horário.

Livros, manuais e consensos são importantes, mas o ideal é não depender exclusivamente deles, porque ficam desatualizados muito rapidamente. Pior ainda, depois que estudamos de forma abrangente um assunto, dificilmente vamos querer ler um capítulo ou livro que repita muito do que já sabemos.

Em um artigo publicado nos Blogs do BMJ, Paul Glasziou recomenda três formas bem práticas para que os médicos se mantenham atualizados:
  1. Um diário de perguntas clínicas. Esse diário precisa estar junto ao médico durante o seu trabalho. Quando uma dúvida aparece, ela deve ser anotada na hora, para ser sanada assim que o médico tiver tempo de estudar. É como na "prescrição de estudo de medicina baseada em evidências", descrita por Sackett e colaboradores na década de 1990, só que dessa vez sem a necessidade de um professor para mandar estudar.
  2. Um serviço de alerta de pesquisas baseadas em evidência. Acredite ou não, existe gente que varre as novidades da literatura científica mundial em busca de artigos que sejam interessantes para pessoas com o mesmo perfil que você. Em um artigo pregresso, Paul Glasziou tinha recomendado tanto o ACCESSSS, da Universidade McMaster, quanto o PubMed Health, do National Institute of Health (EUA). De forma complementar, gosto também de acompanhar os comentários semanais do médico de família e comunidade britânico Richard Lehman sobre os artigos publicados nos periódicos médicos de maior gabarito. Os artigos mais relevantes também chegam a mim pelo ACCESSSS, mas os comentários de Richard Lehman são impagáveis!
  3. Discussões de evidência em equipe. Enquanto os clubes de revista são guiados pelo sumário de uma lista de periódicos (como também são os comentários de Richard Lehman), essas discussões em equipe são guiadas pelos diários de perguntas clínicas. Nessas discussões podem ser tomadas decisões sobre como os profissionais agirão dali em diante, seja na forma de uma mudança imediata na conduta clínica, seja por exemplo na forma de se providenciar um treinamento. Em suma, são grupos de educação permanente.
Para continuar atualizado, é necessário tempo para estudar. Espero que essas dicas façam com que você aproveite melhor as suas horas de estudo!


Publicado originalmente por Leonardo Ferreira Fontenelle em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com

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