Não se trata de um estudo de intervenção, e sim de observação. A Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro implementou a iniciativa, e os investigadores confirmaram que, quanto melhor implementada a iniciativa, mais prevalente o aleitamento.
É bom observar que, para variar, as unidades básicas de saúde (UBS) da estratégia Saúde da Família (ESF) tiveram um desempenho um pouco pior do que o resto da atenção primária à saúde.
Mas os autores do artigo não parecem muito convencidos da inferioridade da ESF:
Em 2009, a estratégia de saúde da família estava em período inicial de estruturação física e dos processos de trabalho na cidade do Rio de Janeiro, cobrindo apenas 3,5% da população, a pior cobertura entre as capitais do país. Já em 2012, esta estratégia passou a alcançar 35% da população carioca, cerca de 2,2 milhões de pessoas, com investimento maciço na capacitação de suas equipes na IUBAAM.8 A conjuntura da época pode ser um dos fatores que levou a assistência em unidade básica a gerar uma prevalência de AME superior em 10,4% à encontrada nas unidades de saúde da família.
Realmente, a ESF sofreu uma grande expansão e requalificação no município do Rio de Janeiro desde 2009.
Além disso, os investigadores entrevistaram apenas mães que efetivamente estavam em seguimento no serviço. Será que as mães que abandonaram o seguimento têm a mesma prevalência de amamentação?
Mas isso é um detalhe. O objetivo principal do estudo não era comparar UBS tradicionais com as da ESF. No geral, é um estudo bem rigoroso, que chegou inclusive a publicar seu modelo teórico, raridade até mesmo entre os estudos que chegam a ter um. Eu gostaria que metade dos estudos brasileiros tivessem esse nível.
O artigo está integralmente disponível online, em português e inglês:
Rito RVVF, Oliveira MIC, Brito AS. Grau de cumprimento dos Dez Passos da Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação e sua associação com a prevalência de aleitamento materno exclusivo. J Ped (Rio J). 2013; 89(5): 477–84. DOI: 10.1016/j.jped.2013.02.018.
Publicado originalmente por Leonardo Ferreira Fontenelle em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com
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