quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Sulfato ferroso não previne fadiga em pessoas com deficiência de ferro sem anemia

A solicitação de exames laboratoriais "de rotina" leva à detecção de alterações sem repercussão clínica, e frequentemente sem a certeza de que um "tratamento" vá de fato trazer algum benefício para a pessoa atendida. Um exemplo é a detecção de carência de ferro (ferropenia) em pessoas sem anemia.

Os pesquisadores suíços Waldvogel e colaboradores (2012) recrutaram 154 mulheres que tinham doado sangue havia uma semana, e que tinham ferritina menor ou igual a 30 ng/mL mas hemoglobina maior ou igual a 12 g/dL. As mulheres foram alocadas aleatoriamente entre receber placebo ou 80 miligramas de sulfato ferroso ao dia, por 4 semanas.

Do ponto de vista laboratorial, a administração de sulfato ferroso diminuiu o risco de que as mulheres evoluíssem com piora do nível de hemoglobina (NNT 6), ou com níveis de ferritina menor do que 12 ng/mL (de 57,7% para 2,7% das doadoras; NNT 2). Por outro lado, não houve diferença significativa na recuperação da capacidade aeróbica, medida pelo teste do degrau de Chester.

Já do ponto de vista clínico, a administração de sulfato ferroso não diminui os níveis de fadiga, medidos por três diferentes indicadores, ao contrário do previsto por pesquisas anteriores.

Os efeitos adversos, por outro lado, foram bem mais prevalentes entre as doadoras de sangue que receberam sulfato ferroso (NNH 4). O efeito adverso mais comum foi o endurecimento das fezes (NNH 7).

Os pesquisadores concluíram que a suplementação de ferro não traz benefícios clínicos a curto prazo para pessoas com deficiência de ferro — pelo menos no caso dos doadores de sangue. Por outro lado, são necessários estudos sobre os efeitos a longo prazo.

Citação:

Publicado originalmente por Leonardo Ferreira Fontenenelle
http://medicinadefamiliabr.blogspot.com

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