segunda-feira, 31 de março de 2014

Nota da SBD e SBEM sobre matéria do JN: medicações para Diabetes


Comunicado Importante da SBEM e SBD 

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) rebatem em nota uma matéria do Jornal Nacional de 28/03/2014 sobre a ocorrência de efeitos adversos de medicações anti-diabéticas.

Nesta, o diretor do núcleo de estudos da Vigilância Sanitária de São Paulo, Adalton Guimarães Ribeiro, confirmou "a ocorrência de pancreatite, alguns casos de câncer pancreático e também reações adversas na tireoide, como neoplasia de tireoide" que estariam relacionados a sete princípios ativos: liraglutida, exenatida, linagliptina, metformina, saxagliptina, sitagliptina e vildagliptina. 

Além disso, a matéria também alerta sobre estes princípios ativos estarem liberados pela ANVISA para venda livre, sem prescrição. A SBD e a SBEM posicionam-se contra esta regulamentação, sugerindo maior controle sobre a prescrição e dispensação destes remédios, em especial os injetáveis. 

Segundo a SBEM e SBD, há erros importantes nas informações da matéria. A inclusão da metformina nessa lista, por exemplo, é incorreta: o fármaco faz parte de todos os consensos científicos como conduta inicial no tratamento do diabetes e não está associada a qualquer dos efeitos colaterais mencionados na matéria. 

Segundo a SBEM e a SBD, a Metformina tem
segurança comprovada por décadas de uso

Segundo as entidades, as demais drogas citadas na matéria estão em análise contínuo pelas sociedades científicas mundiais quanto ao potencial de dano ao pâncreas e na tireoide, e as evidências até o momento apontam para a ausência de correlação entre esses tratamentos e os problemas citados, embora o tema permaneça em acompanhamento pela comunidade científica internacional. 


Assinam a nota:
Nina Musolino - Presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia 
Walter Minicucci - Presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes

Fonte: http://www.endocrino.org.br/comunicado-importante-da-sbem-e-sbd/
Publicado em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com a partir da nota oficial da SBEM e SBD.

sábado, 29 de março de 2014

Esclerose Múltipla e cannabis oral

Summary of evidence-based guideline: Complementary and alternative medicine in multiple sclerosis

Report of the Guideline Development Subcommittee of the American Academy of Neurology


Os médicos podem oferecer extrato oral de maconha, tetrahidrocanabinol, ou spray de canabinóides em pacientes com esclerose múltipla (EM) para aliviar a espasticidade e dor (excluindo a dor neuropática central) relatada pelo paciente, de acordo com novas orientações sobre práticas integrativas e complementares (PIC) para EM da Academia Americana de Neurologia (AAN). 

Os médicos devem aconselhar os pacientes, no entanto, que a maconha é provavelmente ineficaz na melhoria medidas objetivas da espasticidade. Outras conclusões com base em uma revisão de evidências em Neurologia incluem que o Spray de Cannabis pode ser oferecido para reduzir a freqüência urinária. 

Os dados são insuficientes para recomendar a favor ou contra o consumo de maconha inalada (fumar maconha). A terapia magnética é provavelmente eficaz para reduzir a fadiga e ineficaz no tratamento da depressão. 

Como já descrito anteriormente, o Gingko biloba não melhora a cognição. E uma dieta com baixo teor de gordura mas com suplementação de ômega-3 é provavelmente ineficaz para recaídas limitação, incapacidade, fadiga ou lesões de ressonância magnética.


Informações gerais sobre a diretriz:
Esta diretriz foi desenvolvida de acordo com o  processo manual da AAN 2004. Após a revisão de conflito de declarações de interesse, a AAN selecionou um painel de especialistas. Um biblioteconomista médico ajudou realizar uma pesquisa abrangente da literatura e os artigos foram selecionados e avaliados por pelo menos dois autores independentemente (esquema de classificação terapêutica da AAN). Foram então correlacionados a força da recomendação à qualidade da evidência. Com relação à cannabis para a dor, foram revisados os estudos que avaliam a dor associada com espasticidade separadamente daqueles avaliação da dor especificada como sendo de origem neuropática central e as recomendações foram feitas a parte. Foi realizada a correção de Bonferroni para comparações múltiplas, quando necessário.

Além disto, não houve evidência suficiente para apoiar ou refutar a eficácia das seguintes terapias em EM: acetil-L-carnitina, acupuntura, biofeedback, carnitina, terapia de quelação, medicina chinesa, medicina quiroprática, creatina, substituição de amálgama dental, sulfato de glucosamina, hipoterapia, oxigênio hiperbárico, inosina, ácido linoleico, naltrexone em baixas doses, massagem terapêutica, treinamento da mente, músicoterapia, a medicina naturopata, terapia neural, Padma 28, terapia de relaxamento muscular progressivo, tai chi chuã, treonina, transdérmica de histamina, e yoga. Para estes casos, os estudos não estavam disponíveis ou, quando disponível, havia um alto risco de viés, ou estavam em conflito, ou faltava precisão estatística. 



Leia o Abstract traduzido:

Objetivo: desenvolver recomendações baseadas em evidências para terapias complementares e alternativas [no Brasil, usamos o termo Práticas Integrativas e Complementares] (PIC) na esclerose múltipla (EM) . 

Métodos: pesquisa na literatura (1970- março de 2011; março 2011 - setembro 2013 MEDLINE), classificação dos artigos, e correlação das recomendações às evidências.  

Os resultados e recomendações: médicos podem oferecer extrato de cannabis oral para sintomas espasticidade e dor (excluindo a dor neuropática central) (Nível A). Médicos podem oferecer tetrahidrocanabinol para os sintomas e dores da espasticidade (sem dor neuropática central) (Nível B). Médicos devem aconselhar os pacientes que estes agentes são provavelmente ineficazes para espasticidade objetiva (curto prazo) / tremor (Nível B) e possivelmente eficaz para espasticidade e dor (de longo prazo) (Nível C). Médicos podem oferecer pulverizador canabinóide bucal Sativex ® (nabiximols) para sintomas de espasticidade, dor e aumento da frequência urinária (Nível B). Os médicos devem aconselhar os pacientes que estes agentes são provavelmente ineficazes para espasticidade / incontinência urinária objetivo (Nível B). Médicos podem optar por não oferecer esses agentes para tremor (Nível C). Eles poderiam aconselhar os pacientes que a terapia magnética é provavelmente eficaz para a fadiga e provavelmente ineficaz para a depressão (Nível B) , óleo de peixe é provavelmente ineficaz para recaídas , invalidez, fadiga, lesões de ressonância magnética, e qualidade de vida (QV) (Nível B); ginkgo biloba é ineficaz para a cognição (Nível A) e possivelmente eficaz para a fadiga (Nível C); reflexologia é possivelmente eficaz para parestesia (Nível C); regime Cari Loder é possivelmente ineficaz para a deficiência , os sintomas , depressão e fadiga (Nível C); e terapia picada de abelha é possivelmente ineficaz para recaídas, invalidez, fadiga, lesão carga / volume e qualidade de vida relacionada com a saúde (Nível C). Os canabinóides pode causar efeitos adversos. Os médicos devem ter cautela em relação a  extratos de maconha padronizados vs não padronizados e controle de qualidade de todas as PIC / non-regulation em geral. A segurança / eficácia de outra interação PIC/ PIC com terapias modificadoras da doença é desconhecida. 

Acesse o Artigo Original (Livre acesso) na Neurology:


Para saber mais sobre o Regime Cari Loder, leia também:


Publicado originalmente em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com

sábado, 8 de março de 2014

Vídeo: Atendimento de P.S. vs. Atendimento de M.F.C.

Lúdico e didático!

Este é um vídeo produzido pela Residente de MFC Maraisa Frota, feito para a recepção dos novos residentes de Medicina de Família e Comunidade da SEMSA/UEA. Manaus/AM.

Poderia ser chamado de "Medicina de Urgência vs. Medicina Ambulatorial", se tivéssemos na formação geral da Graduação em Medicina algumas das disciplinas aderentes a MFC como Abordagem familiar, Método Clínico Centrado na Pessoa e Prontuários orientados a Problemas (e não essa sanha perversa de tentar encaixar pessoas em caixinhas de diagnósticos).

Em linhas gerais, o vídeo apresenta alguns componentes de uma consulta médica centrada na pessoa, com foco na família e nos problemas. Obviamente, não é o céu vs. o inferno. O Pronto Atendimento/ Pronto Socorro/ UPA tem o seu lugar, e certamente é preciso que se mude a visão de um local mais resolutivo para tudo.

Ele é resolutivo naquilo que, sendo muito orgânico e muito agudo/ grave, demanda medidas imediatas. Mas por não ter dados de contexto, não permite uma abordagem para uma grande gama de problemas de saúde, alguns deles que sequer se tornarão diagnósticos de doenças.

Assim, didaticamente e em uma linguagem clara, convidamos todos a assistirem este vídeo:


Créditos: MARAISA FROTA - R2 MFC SESA Manaus.
Divulgação: Ricardo Amaral Filho, MFC e Médico Rural de Manaus


Publicado por Leonardo C M Savassi originalmente em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com

quinta-feira, 6 de março de 2014

Prostatectomia radical vs. conduta expectante: riscos e benefícios

ORIGINAL ARTICLE

Radical Prostatectomy or Watchful Waiting in Early Prostate Cancer


Follow- Up de 18 anos de Prostatectomia radical versus conduta expectante em Câncer de Próstata de diagnóstico precoce aponta para menor mortalidade e maiores complicações, mas apenas em adultos com menos de 65 anos.

Prostatectomia está associada com menor mortalidade de câncer de próstata do que a espera vigilante, mesmo depois de quase 20 anos de follow -up , de acordo com resultados de longo prazo do Scandinavian Prostate Cancer Group Study Número 4 , publicado no New England Journal of Medicine.

Cerca de 700 homens com câncer de próstata precoce foram randomizados para prostatectomia radical ou espera vigilante . A incidência cumulativa de mortalidade específica da doença em 18 anos foi reduzida no grupo da cirurgia em relação ao grupo de observação (18% vs 29%). A redução foi significativa apenas para homens com menos de 65 anos, nos quais foi necessário operar quatro homens para evitar uma morte por câncer de próstata.

Entre os homens com 65 anos ou mais velhos não houve diferença significativa quanto a mortalidade, mas a prostatectomia foi associada a riscos significativamente mais baixos para metástases e necessidade de terapia paliativa.

Em termos de morbidade , os grupos apresentaram taxas semelhantes de disfunção erétil ( aproximadamente 80% ), mas o grupo da cirurgia teve uma maior incidência de incontinência urinária que o grupo de vigilância e espera (41% vs 11%).

É importante lembrar que este artigo deve integrar uma grande meta-análise feita pela Biblioteca Cochrane e pela US Preventive Services Task Force (USPSTF) para avaliar se há alguma modificação significativa nas evidências de morbi-mortalidade da doença.

Leia o Abstract traduzido:

JUSTIFICATIVA
A prostatectomia radical reduz a mortalidade entre os homens com câncer de próstata in situ, no entanto, questões importantes sobre benefício a longo prazo permanecem.

MÉTODOS
Entre 1989 e 1999, foram distribuídos aleatoriamente 695 homens com câncer de próstata precoce para a espera vigilante ou prostatectomia radical, cujo seguimento durou até o final de 2012. Os pontos finais primários no Scandinavian Prostate Cancer Group Study Número 4 ( SPCG -4 ) foram a morte por qualquer causa , morte por câncer de próstata, e o risco de metástases. Os desfechos secundários incluíram o início da terapia de privação de androgênio .
RESULTADOS
Durante 23,2 anos de acompanhamento, 200 dos 347 homens no grupo de cirurgia e 247 dos 348 homens no grupo de vigilância e espera morreram. Das mortes, 63 no grupo de cirurgia e 99 no grupo de vigilância e espera foram devido ao câncer de próstata , o risco relativo foi de 0,56 (95% intervalo de confiança [ IC], 0,41-0,77 , P = 0,001), e a diferença absoluta foi de 11,0 pontos percentuais ( 95% CI, 4,5 a 17,5 ) . O número necessário para tratar (NNT) para evitar uma morte tinha 8 anos. Um homem morreu após a cirurgia no grupo de prostatectomia radical. Terapia de privação de androgênio foi utilizado em menos pacientes submetidos à prostatectomia (diferença de 25,0 pontos percentuais, 95% IC, 17,7-32,3 ) . O benefício da cirurgia em relação à morte por câncer de próstata foi maior em homens com menos de 65 anos de idade (risco relativo de 0,45) e naqueles com câncer de próstata de risco intermediário (risco relativo de 0,38) . No entanto, a prostatectomia radical foi associada com um risco reduzido de metástases entre homens mais velhos ( risco relativo, 0,68 , P = 0,04).

CONCLUSÕES
O acompanhamento prolongado demonstrou uma redução significativa na mortalidade após a prostatectomia radical, o número necessário para tratar para evitar uma morte continuou a diminuir quando o tratamento foi modificado de acordo com a idade no momento do diagnóstico e risco de tumor. Uma grande proporção de sobreviventes a longo prazo do grupo de vigilância e espera não ter exigido qualquer tratamento paliativo . ( Financiado pela Swedish Cancer Society e outros. )

Acesse o artigo em:



Publicado originalmente por Leonardo C M Savassi em
http://medicinadefamiliabr.blogspot.com

terça-feira, 4 de março de 2014

Corticoide de baixa dosagem para osteoartrose de joelhos

O componente inflamatório da osteoartrose não é tão pronunciado quanto na artrite reumatoide e outras artrites, mas ainda assim participa da degeneração articular. Pesquisadores egípcios recrutaram idosos com osteoartrose de joelho moderada a grave e com inflama clinicamente aparente (p. ex., calor local, dor à palpação da borda articular), e comparam com placebo o efeito de prednisolona 7,5 mg/dia por 6 semanas.

O estudo foi muito bem planejado. O desfecho primário foi clinicamente relevante ("centrado na pessoa"): a redução de dor. Os desfechos secundários incluíram não apenas exames laboratoriais, mas também várias medidas de funcionamento. Também foram pesquisados efeitos adversos, tanto pelo relato de sintomas (usando perguntas abertas e perguntas direcionadas) e exame físico e laboratorial. Por fim, mesmo que a intervenção tenha durado apenas 6 semanas, os pesquisadores também repetiram a avaliação 12 semanas depois do início, de forma a avaliar se o efeito da intervenção superava sua duração.

A redução de dor (em comparação ao início do estudo) teve uma diferença clinicamente significativa entre o grupo de intervenção e o de controle, tanto às 6 semanas quanto às 12 semanas. De uma forma geral, as outras medidas clínicas e laboratoriais se mostraram melhores no grupo de intervenção. Não houve efeitos adversos graves, nem piora da glicemia, mas tanto gastrite quanto edema periférico foram mais frequentes no grupo de intervenção (6% versus 3%, e 5% versus 2%).

A maior limitação do estudo é não nos informar sobre a eficácia e segurança a longo prazo. Mas é relevante e confiável o suficiente para eu lamentar não tê-lo lido ainda quando atendi a uma certa pessoa semana passada.

O artigo está integralmente disponível para quem acessar pelo portal de periódicos da CAPES:
Abou-Raya A, Abou-Raya S, Khadrawi T, Helmii M. Effect of Low-dose Oral Prednisolone on Symptoms and Systemic Inflammation in Older Adults with Moderate to Severe Knee Osteoarthritis: A Randomized Placebo-controlled Trial. J Rheumatol. 2014 Jan 1;41(1):53–9.  doi: 10.3899/jrheum.130199

Publicado originalmente por Leonardo Ferreira Fontenelle no blog Medicina de Familia.