Em artigo publicado na Public Health Nutrition em fevereiro deste ano, Scrafford e colegas corroboraram os resultados de outros estudos prévios: o ovo não é o vilão que se acreditava ser.
Os autores se utilizaram da base de dados de um grande estudo prospectivo realizado entre 1998 e 2000, nos Estados Unidos, e não encontraram associação entre o consumo alto de ovos (definido como igual ou superior a 7 por semana) e doenças arteriais coronarianas ou acidente vascular encefálico – comparando-se a pessoas que ingeriam menos de um ovo por semana.
Vale comentar a interessante opção deste tipo de estudo por avaliar desfechos orientados ao paciente (no caso, mortalidade pela condições citadas). Estudar, por exemplo, o impacto do consumo de ovo nas taxas de colesterol seria dar mais ênfase ao exame laboratorial, e não às pessoas. E ter um exame alterado não quer dizer estar doente.
Da qualquer forma, comemore com moderação: pode sempre surgir na semana que vem algum outro estudo que recoloque o ovo na lista dos inimigos públicos da saúde…
Enfim, segue o resumo traduzido do artigo:
Consumo de ovo e DAC e mortalidade por acidente vascular cerebral: um estudo prospectivo de adultos nos EUA.
Scrafford CG, NL Tran, LM Barraj, Mink PJ.
OBJETIVO: avaliar a relação entre o consumo de ovos e DAC e mortalidade por doenças cerebrovasculares usando o terceiro National Health and Nutrition Examination Survey 1988-1994 (NHANES III) e seu inquérito de acompanhamento.
PROJETO: Foi feita a análise de um estudo transversal com uma amostra probabilística estratificada de múltiplos estágios, ajustando para o projeto de pesquisa. Consumo de ovos foi obtido a partir do Food Frequency Questionnaire(FFQ) e separados em categorias de consumo de ovos. Hazard ratio (HR) foram calculados para DAC e mortalidade por doenças cerebrovasculares, utilizando modelos de regressão multivariada de Cox.
LOCAL: Um inquérito de saúde e nutrição realizado nos EUA 1988-1994, com acompanhamento até 31 de dezembro de 2000.
ASSUNTO: A população estudada incluiu homens e mulheres que estavam livres de doenças cardiovasculares e tinham completado um QFA no início.
RESULTADOS: Modelos multivariados ajustados para a saúde, estilo de vida e fatores dietéticos indicam que o consumo de ovos 'alto' (≥ 7 vezes / semana versus <1 vez / semana) não foi significativamente associado a um aumento da mortalidade [HR= 1,13, 95% HR CI 0,61 - 2,11 (homens); HR = 0,92, IC 95% 0,27 - 3,11 (mulheres)]. Houve uma associação estatisticamente significativa inversa entre o consumo de ovos 'alto' e mortalidade por doenças cerebrovasculares entre os homens (HR = 0,27, IC 95% 0,10, 0,73), mas a estimativa foi imprecisa à dispersão dos dados. Não se observou uma associação estatisticamente significativa e positiva entre o consumo de ovos 'alto' e doença arterial coronariana ou a mortalidade do AVC em análises restritas aos indivíduos com diabetes, mas estas análises podem ser limitadas devido ao pequeno número de diabéticos.
CONCLUSÕES: Não se encontrou uma associação positiva significativa entre o consumo de ovos e aumento do risco de mortalidade por doença coronária ou acidente vascular cerebral na população dos EUA. Estes resultados corroboram as conclusões de estudos anteriores.
em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com
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