segunda-feira, 18 de abril de 2011

Omelete sem culpa




Em artigo publicado na Public Health Nutrition em fevereiro deste ano, Scrafford e colegas corroboraram os resultados de outros estudos prévios: o ovo não é o vilão que se acreditava ser.


Os autores se utilizaram da base de dados de um grande estudo prospectivo realizado entre 1998 e 2000, nos Estados Unidos, e não encontraram associação entre o consumo alto de ovos (definido como igual ou superior a 7 por semana) e doenças arteriais coronarianas ou acidente vascular encefálico – comparando-se a pessoas que ingeriam menos de um ovo por semana.


Vale comentar a interessante opção deste tipo de estudo por avaliar desfechos orientados ao paciente (no caso, mortalidade pela condições citadas). Estudar, por exemplo, o impacto do consumo de ovo nas taxas de colesterol seria dar mais ênfase ao exame laboratorial, e não às pessoas. E ter um exame alterado não quer dizer estar doente.


Da qualquer forma, comemore com moderação: pode sempre surgir na semana que vem algum outro estudo que recoloque o ovo na lista dos inimigos públicos da saúde…


Enfim, segue o resumo traduzido do artigo:


Consumo de ovo e DAC e mortalidade por acidente vascular cerebral: um estudo prospectivo de adultos nos EUA.


Scrafford CG, NL Tran, LM Barraj, Mink PJ.


OBJETIVO: avaliar a relação entre o consumo de ovos e DAC e mortalidade por doenças cerebrovasculares usando o terceiro National Health and Nutrition Examination Survey 1988-1994 (NHANES III) e seu inquérito de acompanhamento.

PROJETO: Foi feita a análise de um estudo transversal com uma amostra probabilística estratificada de múltiplos estágios, ajustando para o projeto de pesquisa. Consumo de ovos foi obtido a partir do Food Frequency Questionnaire(FFQ) e separados em categorias de consumo de ovos.
Hazard ratio (HR) foram calculados para DAC e mortalidade por doenças cerebrovasculares, utilizando modelos de regressão multivariada de Cox.


LOCAL: Um inquérito de saúde e nutrição realizado nos EUA 1988-1994, com acompanhamento até 31 de dezembro de 2000.


ASSUNTO: A população estudada incluiu homens e mulheres que estavam livres de doenças cardiovasculares e tinham completado um QFA no início.


RESULTADOS: Modelos multivariados ajustados para a saúde, estilo de vida e fatores dietéticos indicam que o consumo de ovos 'alto' (≥ 7 vezes / semana versus <1 vez / semana) não foi significativamente associado a um aumento da mortalidade [HR= 1,13, 95% HR
CI 0,61 - 2,11 (homens); HR = 0,92, IC 95% 0,27 - 3,11 (mulheres)]. Houve uma associação estatisticamente significativa inversa entre o consumo de ovos 'alto' e mortalidade por doenças cerebrovasculares entre os homens (HR = 0,27, IC 95% 0,10, 0,73), mas a estimativa foi imprecisa à dispersão dos dados. Não se observou uma associação estatisticamente significativa e positiva entre o consumo de ovos 'alto' e doença arterial coronariana ou a mortalidade do AVC em análises restritas aos indivíduos com diabetes, mas estas análises podem ser limitadas devido ao pequeno número de diabéticos.


CONCLUSÕES: Não se encontrou uma associação positiva significativa entre o consumo de ovos e aumento do risco de mortalidade por doença coronária ou acidente vascular cerebral na população dos EUA. Estes resultados corroboram as conclusões de estudos anteriores.



Publicado originalmente por Gustavo Landsberg
em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com

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