quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Exercício (mesmo intenso) não compensa o sedentarismo do resto do dia

Sedentary Time and Its Association With Risk for Disease Incidence, Mortality, and Hospitalization in Adults

A Systematic Review and Meta-analysis


Uma Revisão Sistemática com metaanálise publicada no Annals of Internal Medicine apóia observações anteriores de que os riscos para a saúde de comportamento sedentário não são completamente neutralizados pelo exercício.



Entenda:

No mundo moderno, as pessoas tem atividades de escritórios que geram longos períodos de sedentarismo, somados aos meios de acesso (elevadores, escadas rolantes) e aos meios de transporte (uso excessivo de carros, transporte coletivo), o que gera uma carga horária diária grande em sedentarismo pleno.

Ao chegar em casa, as atividades de lazer geralmente também são feitas ao redor da mesa, da televisão, dos videogames ou do computador. Ou seja, a sociedade contemporânea foi projetada para se trabalhar e se divertir sentada. 

Para compensar o sedentarismo, culturalmente, as pessoas tem utilizado-se das academias de ginástica, onde praticam atividades intensas em curtos períodos de tempo (aquele que lhes resta no dia) como forma de se manterem saudáveis.  Com isto, entendem que estão compensando os danos do sedentarismo diário. 

Este estudo traz uma informação preocupante: não estão!


Saiba mais 


O que este estudo acrescenta:

A revisão conclui que ficar sentado o dia todo - ou seja - permanecer sedentário a maior parte do dia - não pode ser compensado pelo exercício, ainda que intenso. O dano do sedentarismo "intenso", dependeria de quanto tempo você perde sentado, independentemente de seus hábitos de exercício.


Os pesquisadores selecionaram e examinaram dados de 47 estudos que avaliaram os efeitos do comportamento sedentário na saúde, ajustados para a atividade física: eles avaliaram o tempo de sedentarismo e os resultados para as doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e mortalidade por qualquer causa.

O comportamento sedentário foi definido como "comportamentos de vigília caracterizadas por pouco movimento físico e despesas de baixa energia", incluindo assistindo televisão e de estar.

Maior tempo de sedentarismo foi associado com um aumento significativo do risco para todas as as doenças e condições avaliadas:  e mortalidade por câncer e problemas cardiovasculares, bem como incidência das doenças cardiovasculares, câncer e incidência de diabetes tipo 2, independente da participação da atividade física.

Os efeitos adversos de "ficar sentado" em todas as causas de mortalidade foram mais pronunciadas entre os participantes que fizeram pouco ou nenhum exercício em comparação com aqueles que andavam regularmente. Aumentar o exercício reduzia - mas não eliminava completamente - os riscos associados ao excesso de comportamento sedentário.

Em outras palavras, o que esta revisão traz é a informação de que o exercício de uma hora diária não deve nos dar a falsa impressão de que podemos permanecer sentados nas restantes 23 horas do dia.

Os pesquisadores, como sempre, apontam na direção de mais estudos para explorar a eficácia de intervenções destinadas a reduzir o tempo de sedentarismo em casa e no trabalho.


Leia o Abstract traduzido:

Fundamento: A magnitude, consistência e forma de associação entre o tempo de sedentarismo e seus desfechos, independente de atividade física, ainda não estão claros.
Objetivo: quantificar a associação entre o tempo de sedentarismo e internações, todas as causas de mortalidade, doenças cardiovasculares, diabetes e câncer em adultos, independentes de atividade física.
Fonte de dados: estudos no idioma Inglês em MEDLINE, PubMed, EMBASE, CINAHL, Cochrane Library, Web of Knowledge, e bases de dados Google Scholar foram pesquisados até agosto de 2014, incluindo busca manual de citações no texto e sem limites data de publicação.
Seleção de Estudos: Os estudos que avaliam o comportamento sedentário em adultos, ajustado para a atividade física e correlacionados com pelo menos um resultado.
Extração de dados: Dois revisores independentes realizaram a abstração dos dados e avaliação da qualidade, e um terceiro revisor resolveu as inconsistências.
Síntese dos dados: Quarenta e sete artigos preencheram os critérios de elegibilidade. As meta-análises foram realizadas sobre resultados para a doença cardiovascular e diabetes (14 estudos), câncer (14 estudos), e todas as causas de mortalidade (13 estudos). Projetos prospectivos de coorte foram usados em todos menos três estudos; tempos de sedentárismo foram quantificados usando o auto-relato em todos menos um estudo. Razões de risco (Hazard ratios - HR) significativas foram encontradas associações com todas as causas de mortalidade (HR, [95% CI, 1,090-1,410] 1.240), a mortalidade por doença cardiovascular (HR, 1,179 [CI, 1,106-1,257]), a incidência da doença cardiovascular (HR , 1.143 [CI, 1,002-1,729]), a mortalidade por câncer (HR, 1.173 [CI, 1,108-1,242]), a incidência de câncer (HR, 1.130 [CI, 1,053-1,213]), e incidência de diabetes tipo 2 (HR, 1.910 [CI, 1,642-2,222]). As taxas de risco associadas com o tempo de sedentarismo e os resultados foram geralmente mais pronunciados em níveis mais baixos de atividade física do que em níveis mais elevados.
Limitação: Houve grande heterogeneidade em projetos de pesquisa e avaliação de tempo de sedentarismo e atividade física.
Conclusão: tempo prolongado de sedentarismo foi independentemente associado com resultados deletérios à saúde, independentemente da atividade física.
Financiamento Fonte Primária: Nenhum.


Veja Ainda: 




Acesse os artigos: 

O artigo disponível no Annals of Internal Medicine  (resumo Free):


O editorial do Annals of Internal Medicine:


Publicado originalmente em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com

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