quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Qual é o padrão-ouro para o diagnóstico de hipertensão arterial?

O BMJ de 24 de junho de 2011 publicou uma revisão sistemática de literatura comparando diferentes métodos diagnósticos de hipertensão arterial sistêmica. Para variar um pouco, em vez de trazer o resumo do artigo, eu traduzi o resumo produzido pelo editor do periódico:

O que já se sabe sobre o assunto:

  • A hipertensão é tradicionalmente diagnosticada após a medida da pressão arterial no consultório, mas a monitorização ambulatorial da pressão arterial de 24 horas (MAPA) e a monitorização residencial da pressão arterial (MRPA) se correlacionam melhor com os desfechos.

O que este estudo acrescenta:

  • Comparadas à monitorização ambulatorial, nem as medidas no consultório nem em domicílio têm sensibilidade ou especificidade suficientes para serem recomendadas como teste diagnóstico único.
  • Se a prevalência de hipertensão em uma população rastreada for de 30%, então um diagnóstico positivo por medida em consultório teria uma chance de apenas 56% de estar correto quando comparado à MAPA.
  • O uso mais disseminado da MAPA para o diagnóstico de hipertensão pode resultar em tratamento melhor direcionado.

Como os próprios autores destacam, qualquer que fosse o padrão-ouro adotado, as outras duas técnicas teriam sensibilidade e especificidade decepcionantes. Ao contrário das outras técnicas, a MAPA é realizada em um único dia. Como o coeficiente de correlação é de apenas 0,70, isso torna o exame um padrão-ouro menos do que ideal.

Pelo jeito, o diagnóstico de hipertensão arterial não é plenamente confiável, o que deve ser levado em consideração na hora de estabeler as prioridades clínicas junto ao paciente.

Pena que a revisão sistemática não incluiu nenhum estudo com medidas de pressão arterial por auxiliares de enfermagem na antessala, como é tão comum no Brasil.

Publicado por Leonardo Fontenelle no Blog Medicina de Família

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Mulheres grávidas adicionas na nova recomendação americana para dTPA

Pregnant Women Added in Updated Recommendations for Tdap
Publicado originalmente por Ricardo Alexandre de Souza e Leonardo Savassi em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com


ACIP (Advisory Committee on Immunization Practices) recomenda que as práticas de prestação de cuidados para saúde das mulheres deve implementar um programa de vacinação dTpa (difteria, tétano e pertussis acelular) para mulheres grávidas que anteriormente não tenham recebido dTpa.

DTpa deve ser administrada por pessoal de saúde para mulheres grávidas, de preferência durante o terceiro trimestre ou final do segundo (após 20 semanas de gestação).

O prazo, após 20 semanas de gestação, serve para reduzir os efeitos de confusão de perda de gravidez precoce na avaliação de segurança e para otimizar a transmissão de anticorpos maternos para o bebê.

A meia-vida destes anticorpos é de 6 semanas, de modo que o novo risco perinatal devem fornecer proteção até a primeira vacinação da criança na idade de 2 meses.

Dados disponíveis revisado pelo ACIP não sugerem qualquer elevada freqüência ou padrões incomuns de eventos adversos em mulheres grávidas que receberam dTpa, e os poucos eventos adversos graves relatados foram pouco provável que tenha sido causado pela vacina.

As mulheres cuja dTpa não tenha sido dada durante a gravidez deve recebê-la imediatamente após o parto.

Para se proteger contra a coqueluche, o ACIP recomenda cocooning, isto é, a vacinação de adolescentes e adultos que tenham ou irão ter contato próximo com uma criança com idade inferior a 12 meses.

Se eles não tenham recebido previamente dTpa, estes pais, irmãos, avós, prestadores de cuidados infantis, profissionais de saúde, etc, devem receber uma dose única de dTpa, idealmente, pelo menos, duas semanas antes de iniciar contato próximo com o bebê.
Se uma vacinação de reforço contra o tétano e difteria é indicado durante a gravidez para uma mulher que não tenha recebido anteriormente dTpa (ie, 10 anos desde Td anterior), então ela deve receber Tdap durante a gravidez, de preferência durante o terceiro trimestre ou final do segundo (após 20 semanas de gestação).Para evitar o tétano, como parte do tratamento padrão da ferida de gestão, a mulher grávida deve receber uma vacina contra o tétano toxóide contendo caso tenha sido, pelo menos, cinco anos desde que ela recebeu última Td.


DTpa deve ser dado nesta situação, se ela já não recebeu dTpa.

Para a proteção contra o tétano materno e neonatal, as mulheres grávidas com a vacinação contra o tétano desconhecida ou incompleta, ou que nunca tenham sido vacinados contra o tétano, deve receber três vacinas contendo toxóide diftérico e reduzida.

Acesse a Linha Guia para imunização de gestantes.
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Quem procura acha: incidência cumulativa de falsos positivos em um programa de rastreamento de câncer de próstata, pulmões, intestino grosso e ovários

O periódico Annals of Family Practice publicou um estudo do risco de um achado falso-positivo, e de um consequente procedimento invasivo fútil, em homens e mulheres submetidos ao rastreamento de três tipos diferentes de câncer ao mesmo tempo. Confira o resumo traduzido:
OBJETIVOS: Vários testes de rastreamento de câncer têm sido defendidos para a população em geral; no entanto, médicos e pacientes nem sempre estão bem-informados dos ônus da triagem. Buscou-se determinar o risco cumulativo de um resultado falso-positivo da triagem e o consequente risco de um procedimento diagnóstico de um indivíduo que participe de um programa de rastreamento multimodal de câncer.
MÉTODOS: Os dados foram analisados ​​a partir do grupo de intervenção do Prostate, Lung, Colorectal, and Ovarian (PLCO) Cancer Screening Trial, um estudo controlado randomizado para determinar os efeitos do rastreamento dos cânceres de próstata, pulmão, colorretal e ovário na mortalidade específica. Os 68.436 participantes, com idades entre 55 e 74 anos, foram randomizados para triagem ou cuidado usual. As mulheres receberam séries de testes sorológicos para detecção de CA-125, ultrassonografias transvaginais, radiografias torácicas ântero-posteriores, e retossigmoidoscopias flexíveis. Os homens receberam séries de radiografias, retossigmoidoscopias flexíveis, toques retais, e testes séricos de PSA. Foram possíveis 14 exames de rastreamento para cada sexo durante o período de triagem de 3 anos.
RESULTADOS: Depois de 14 testes, o risco cumulativo de ter pelo menos um resultado falso-positivo é de 60,4% (IC 95%, 59,8% a 61,0%) para os homens, e 48,8% (IC 95%, 48,1% a 49,4%) para as mulheres. O risco cumulativo após 14 testes de sofrer um procedimento diagnóstico invasivo motivado por um teste falso-positivo é de 28,5% (IC 95%, 27,8% a 29,3%) para homens e 22,1% (IC 95%, 21,4% a 22,7%) para as mulheres.
CONCLUSÕES: Para um indivíduo em um experimento de rastreamento multimodal de câncer, o risco de um achado falso-positivo é de cerca de 50% ou mais por volta do 14º teste. Os médicos devem educar os pacientes sobre a probabilidade de falsos positivos e as consequentes intervenções diagnósticas ao aconselhar sobre o rastreamento do câncer.
O texto completo do artigo está disponível gratuitamente.

Publicado por Leonardo Fontenelle no Blog Medicina de Família Brasil

sábado, 5 de novembro de 2011

Intervenções educativas domiciliares para crianças com asma

Home-based educational interventions for children with asthma

Publicado originalmente por Leonardo C M Savassi http://medicinadefamiliabr.blogspot.com

Intervenções educativas domiciliares para crianças com asma.

Enquanto diretrizes recomendam que as crianças com asma devem receber educação em asma, não se sabe se a educação realizada em casa é superior ao tratamento habitual ou à mesma educação entregues em outros lugares. Educadores domiciliares tentam alcançar as populações (como os economicamente desfavorecidos) e podem experimentar barreiras ao atendimento (como a falta de transporte) dentro de um ambiente familiar.

O grupo Cochrane realizou então uma revisão sistemática sobre intervenções educativas para a asma em casa para as crianças, cuidadores ou ambos, e para determinar os efeitos dessas intervenções sobre os resultados relacionados à asma na saúde. A busca foi feita no Grupo Especializado de ensaios Cochrane Airways Register, que inclui o Registo Central Cochrane de Ensaios Controlados (CENTRAL), MEDLINE, EMBASE, CINAHL, PsycINFO e AMED, e busca manual em revistas respiratórias e resumos de congressos. Também na Education Resources Information Center (ERIC), listas de referências de ensaios e artigos de revisão (última pesquisa em Janeiro de 2011).

Foram incluídos ensaios clínicos randomizados de educação em asma em casa para as crianças, seus cuidadores ou ambos. Na primeira comparação, os grupos de controle elegíveis foram: prestados os cuidados habituais, ou a mesma educação fora de casa. Para a segunda comparação, os grupos de controle envolveram intervenção menos intensiva educacionais em casa.

Encontrou-se 12 estudos envolvendo 2.342 crianças. Onze dos 12 ensaios foram conduzidos nos Estados Unidos, em contextos urbanos ou suburbanos, envolvendo populações vulneráveis. Os estudos foram em geral de boa qualidade metodológica. Eles diferiram significativamente em termos de idade, contexto de gravidade da asma e conteúdo da intervenção educativa levando a heterogeneidade clínica substancial. Devido a esta heterogeneidade clínica, não resulta para o pool de resultados primários, o número de pacientes com exacerbações que requeriram o serviço de emergência (ED).

A média do número de exacerbações que requeriram atendimentos por pessoa em seis meses não foi significativamente diferente entre os intervenção domiciliar e grupos de controle (N = 2 estudos; MD 0,04, intervalo de confiança de 95% (CI) -0,20 para 0,27). Apenas um estudo contribuiu para o outro resultado primário: exacerbações que requeriram um curso de corticosteróides orais. Internações hospitalares também mostraram uma grande variação entre os ensaios com mudanças significativas em alguns testes em ambas as direções. A qualidade de vida melhorou em ambos os grupos de educação e controle sobre o tempo.

A tabela que resume alguns dos principais componentes dos programas de educação está incluída na revisão.

Conclusão: os autores encontraram evidências inconsistentes para intervenções educacionais em casa para asma em comparação ao tratamento padrão, a educação fora de casa ou de uma intervenção menos intensiva educacional em casa. Embora a educação continue a ser um componente chave da gestão da asma em crianças, defendida em inúmeras diretrizes, esta revisão não contribui com maiores informações sobre o conteúdo fundamental e melhor configuração para tais intervenções educativas.

É necessário que se estude mais profundamente as ações educativas em saúde para determinar quais são realmente efetivas nos desfechos importantes para a saúde

Acesse o artigo (livre acesso via Cochrane BVS):

Biblioteca Virtual em Saúde
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Obesidade não protege contra osteoporose... ao contrário.

Obesity Is Not Protective against Fracture in Postmenopausal Women: GLOW


Publicado originalmente por Leonardo C M Savassi no http://medicinadefamiliabr.blogspot.com

Um estudo prospectivo observacional multicêntrico e multinacional conduzido em 10 países foi conduzido para investigar a prevalência e incidência de fracturas clínicas em pacientes obesas na pós-menopausa, incluídas no estudo global Longitudinal da osteoporose em mulheres (GLOW).

O estudo de base populacional foi realizado por 723 consultórios médicos em 17 localidades em 10 países. Um total de 60.393 mulheres com idade ≥ 55 anos foram incluídas. Os dados foram coletados utilizando questionários auto-administrados com as características do paciente, histórico de fraturas, fatores de risco para fratura e medicamentos anti-osteoporose.

Tanto o Índice de massa corporal (IMC) quanto a história de fratura estavam disponíveis no início e em 1 e 2 anos, em 44.534 mulheres, 23,4% das quais obesas (IMC ≥ 30 kg/m2). A prevalência de fraturas em mulheres obesas na linha de base foi 222 por 1000 e a incidência em 2 anos foi de 61,7 por 1000, similar às taxas em mulheres não obesas (227 e 66,0 por mil, respectivamente). Fraturas em mulheres obesas representaram 23% e 22% de todas as fraturas anterior e incidente, respectivamente.

O risco de fraturas altas na perna e no tornozelo foi significativamente maior nas obesas, enquanto o risco de fratura de pulso foi significativamente menor. Mulheres obesas com fratura foram mais propensas a ter menopausa precoce e a relatar duas ou mais quedas no ano anterior. Auto-relatos de asma, enfisema e diabetes tipo 1 foram significativamente mais comuns em obesas do que as mulheres não-obesas com fratura incidente. Aos 2 anos, 27% ​​de mulheres obesas com fratura incidente estavam recebendo terapia de proteção óssea, em comparação com 41% dos não obesos e 57% das mulheres abaixo do peso.

Os resultados demonstram que a obesidade não é fator de proteção contra fraturas em mulheres na pós-menopausa e está associado com risco aumentado de fraturas de tornozelo e fraturas altas na perna.


Leia o abstract:

Abstract

Objective

To investigate the prevalence and incidence of clinical fractures in obese, postmenopausal women enrolled in the Global Longitudinal study of Osteoporosis in Women (GLOW).

Methods

This was a multinational, prospective, observational, population-based study carried out by 723 physician practices at 17 sites in 10 countries. A total of 60,393 women aged ≥55 years were included. Data were collected using self-administered questionnaires that covered domains that included patient characteristics, fracture history, risk factors for fracture, and anti-osteoporosis medications.

Results

Body mass index (BMI) and fracture history were available at baseline and at 1 and 2 years in 44,534 women, 23.4% of whom were obese (BMI ≥30 kg/m2). Fracture prevalence in obese women at baseline was 222 per 1000 and incidence at 2 years was 61.7 per 1000, similar to rates in nonobese women (227 and 66.0 per 1000, respectively). Fractures in obese women accounted for 23% and 22% of all previous and incident fractures, respectively. The risk of incident ankle and upper leg fractures was significantly higher in obese than in nonobese women, while the risk of wrist fracture was significantly lower. Obese women with fracture were more likely to have experienced early menopause and to report 2 or more falls in the past year. Self-reported asthma, emphysema, and type 1 diabetes were all significantly more common in obese than nonobese women with incident fracture. At 2 years, 27% of obese women with incident fracture were receiving bone protective therapy, compared with 41% of nonobese and 57% of underweight women.

Conclusions

Our results demonstrate that obesity is not protective against fracture in postmenopausal women and is associated with increased risk of ankle and upper leg fractures.


Acesse livremente o artigo:

The American Journal of Medicine Home

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O Médico de Família e o cuidador

Necessidade dos MFCs cuidarem de cuidadores

Publicado originalmente por Leonardo Savassi em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com

É comum cuidadores leigos ignorarem preocupações com a própria saúde ao apoiar alguém com câncer avançado. Durante este tempo, os cuidadores dos pacientes são muitas vezes deixados de lado pelos profissionais de saúde, incluindo médicos de família (na Austrália, General Practitioners - GPs), que podem perder a amplitude das necessidades dos cuidadores, concentrando-se apenas nos aspectos práticos da prestação de cuidados.

Os GPs tradicionalmente dependem que pacientes levantem as suas preocupações, para a seguir responder a estas preocupações, mas os cuidadores podem não estar inclinados a isto. As normas de engajamento/adesão quando os cuidadores consultam o seu médico de família são menos definidas, e há pouca pesquisa sobre como eles interagem com o seu GP em relação à sua própria saúde .

Este sub-estudo investiga as normas, as suposições e sutilezas que regem a relação cuidador-GP, e explora os fatores que afetam sua interação sobre as preocupações dos cuidadores de saúde. Os pesquisadores (da Austrália) entrevistaram por formulário semi-estruturado seis cuidadores leigos e 19 profissionais de saúde em Brisbane, Austrália, e analisaram as transcrições da entrevista.

Normas tradicionais de engajamento estão sujeitas às suposições e expectativas que os cuidadores e GPs trazem para a consulta. Pressões práticas também influenciam a "capacidade e vontade para cuidadores discutirem saúde por ambas as partes . Sua interação é reforçada pela qualidade da relação cuidador-GP e pela habilidade do GP".

Os pesquisadores concluíram: "Os cuidadores são apanhados em um paradoxo em que suas necessidades de saúde pode tornar-se oculta pelas necessidades do paciente cuidado, em um ambiente onde as necessidades do paciente são normalmente examinadas e apoiadas. Cuidadores podem não levantar as suas preocupações de saúde com o seu GP, que por sua vez pode precisar. de dicas (atalhos) quando for oportuno e seguro fazê-lo".

O uso rotineiro de um prompt (ponto de partida) pode ajudar a resolver sistematicamente as necessidades dos cuidadores, mas isto precisa ser complementado pelo "desejo e a capacidade de colaborar com os pacientes em um papel de cuidador. A diferença potencial que isto pode trazer para a saúde desses pacientes é substancial. "

Leia o abstract original:

Background

It is commonplace for lay caregivers to overlook their own health concerns when supporting someone with advanced cancer. During this time, caregivers' needs as patients are often marginalised by health professionals, including General Practitioners (GPs), who may miss the breadth of caregivers' needs by focusing on the practicalities of caregiving. GPs traditionally rely on patients to raise their concerns, and then respond to these concerns, but caregivers as patients may be disinclined to cue their GP. The norms of engagement when caregivers consult their GP are less defined, and how they interact with their GP regarding their own health is under-explored. This sub-study investigates the norms, assumptions and subtleties which govern caregiver-GP consultations, and explores factors affecting their interaction regarding caregivers' own health concerns.

Methods

We conducted semi-structured interviews with six lay caregivers and 19 health professionals in Brisbane, Australia, and analyzed the interview transcripts thematically.

Results

Traditional norms of engagement are subjected to assumptions and expectations which caregivers and GPs bring to the consultation. Practice pressures also influence both parties' capacity and willingness to discuss caregivers' health. Nonetheless, some GPs monitor caregivers' health opportunistically. Their interaction is enhanced by the quality of the caregiver-GP relationship and by the GP's skills.

Conclusions

Caregivers are caught in a paradox whereby their health needs may become subsumed by the care recipient's needs in a setting where patient needs are normally scrutinised and supported. Caregivers may not raise their health concerns with their GP, who instead may need to cue them that it is timely and safe to do so. The routine use of a prompt may help to address caregivers' needs systematically, but it needs to be complemented by GPs' desire and capacity to engage with patients in a caregiving role. The potential difference GPs can make to the health of these patients is substantial.

Acesse o artigo:


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Leia também:

Portaria 2527 - Atenção domiciliar no SUS

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Portaria 2527 - Atenção domiciliar no SUS

Publicado originalmente por Ricardo Alexandre de Souza em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com


Foi publicada a Portaria 2.527/2011 que Redefine a Atenção Domiciliar para o SUS e representa um marco na estruturação da atenção domiciliar em todo Brasil, apresentando as diretrizes desta modalidade de cuidado, a forma como deve se organizar e também estabelece o incentivo federal para apoiar os gestores no aperfeiçoamento e /ou implementação da atenção domiciliar nas suas localidades. Outro avanço é o reconhecimento do cuidado das equipes de atenção básica realizados no domicílio como uma modalidade de atenção domiciliar, além de trazer a estruturação da atenção domiciliar na perspectiva das Redes de Atenção (RAS) como uma diretriz. Os passos necessários para se habilitar estão descrito na portaria e serão detalhados no Manual Instrutivo do Programa de Atenção Domiciliar, que será publicado em breve no site do DAB e no site www.saude.gov/saudetodahora.
Via MS e RPAPS

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Afinal, o que é essa tal de CIAP?



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Sempre que vamos falar de CIAP ou ICPC (leia-se aicipici), é inevitável citar também a CID, famosa Classificação Internacional de Doenças. Todo profissional da área da saúde que se preze e até mesmo o trabalhador que pede o atestado para sua M54.4 (dor lombar baixa) sabe do que se trata e para que serve.

Em qualquer lugar do mundo, este código alfanumérico com uma letra e dois (ou três) números representa as mesmas doenças.

Este fato é bastante útil, quando se leva em conta que existem 6.909 idiomas no mundo atualmente, que um dicionário médico pode ter mais de 8.500 vocábulos e que na última edição da Classificação Internacional de Doenças constam cerca de 12.000 códigos.

Pode-se então imaginar o desafio que é comunicar-se na área da saúde quando temos em conta que cada doença tem milhares de diferentes nomes em todo o mundo – e que podem existir ainda distintos conceitos e significados, permeados de aspectos culturais ou históricos que variam de região para região. Espinhela caída, caspa inflamada ou doença de cair podem causar dores no ouvido de um médico, porém podem ser termos perfeitamente compreensíveis em uma determinada comunidade.

Ou seja, a CID tem sua relevância e utilidade. É bom que seja uma classificação, pois separar cada coisa em seu lugar nos traz melhor organização e entendimento.

Bom também que seja internacional, pois padroniza e facilita a comunicação entre profissionais e pesquisadores de todo o mundo.

Mas porque apenas doença?

Claro, poderia-se argumentar que não há apenas doenças na CID. Há espaço para sintomas, como flatulência (R14). E para condições extremamente graves e frequentes, que representam séria ameaça à saúde, como a temida Z73.2 (falta de repouso e lazer).

A CID representa ainda situações bizarras e improváveis, como a V20 – “motociclista traumatizado em colisão com um pedestre ou um animal, condutor traumatizado em acidente não de trânsito”. É até um pouco difícil entender como um motociclista sofre um acidente que não seja de trânsito, ainda mais se no ocorrido está envolvido um animal.

De qualquer maneira, um dia alguém pode morrer desta causa, e há quem pense ser necessário codificar isso no atestado de óbito. Pois esta é a origem da CID: uma classificação criada para registrar causas de morte, surgida em 1893.

Esse exemplos nos mostram um pouco do que se tornou a CID ao longo do tempo: uma lista lista de doenças e outras coisas, todas colocadas em um mesma balaio, com o qual já não se sabe bem o que fazer. E que, em última análise, segue uma única lógica: a da doença.

Nós, médicos, em geral somos treinados durante os seis anos da faculdade (e outros mais de residência) para ouvir uma história, fazer um exame físico e realizar testes ou exames, de modo que ao final possamos transformar tudo isso numa doença. Chegar a um diagnóstico é percebido pelas pessoas como um sucesso. “Obrigado, doutor, pois você descobriu que tenho fibromialgia!”.

De maneira oposta, não poder estabelecer um diagnóstico representa o fracasso. “O doutor não conseguiu descobrir o que eu tinha e por isso falou que era uma virose”. Não importa que já passou e não sinta mais nada. O que importa é que ele não sabia qual era a doença.

Mas e daí? E a tal CIAP (Classificação Internacional de Atenção Primária)?

Primeiro, devemos levar em conta que a CIAP, apesar de ser fruto de mais de duas décadas de trabalho e discussões envolvendo grandes profissionais de todo o mundo, foi pensada para ser simples, prática e leve. Idealizada não para representar todos os problemas e doenças existentes, e sim aqueles que acontecem mais frequentemente no dia-a-dia. Tudo o que se observava mais do que uma vez a cada mil consultas/ano foi incluído.

Por isso a CID tem 2 Kg e a CIAP duas páginas.

Segundo, a CIAP é bem mais complexa em termos de informações que a CID, por mais incrível que possa parecer. Como foi dito, um código da CID serve para representar tão somente um diagnóstico, enquanto a CIAP representa sempre três coisas:

1. Motivo da consuta: as pessoas não procuram um profissional da saúde apenas por motivo de doença. Podem necessitar de um exame preventivo, de informações ou orientações, pode requerer um procedimento administrativo (com um atestado) ou apenas precisar desabafar sobre problemas conjugais.

2. Diagnóstico ou problema percebido pelo profissional: importante salientar que incluir o conceito de problema é algo incrível, que permite dar relevância a determinadas situações que são percebidas por aquele que presta os cuidados. Quando não se pode registrar um determinado problema, fica impossível depois abordá-lo. Com a CIAP, podemos codificar, por exemplo, medo de câncer, preocupação com a aparência, problemas com a vizinhança ou relacionados ao trabalho, problema conjugal, perda de familiar. Não são doenças, mas são fatores que definitivamente afetam a saúde, seja física ou mental, e que sem dúvida levam as pessoas a buscarem cuidados.

3. Intervenção ou procedimento: registra-se, finalmente, não apenas o que levou o paciente a consultar-se e o que de fato ele tinha, mas também o que foi feito em relação a isso.

Assim pode-se perceber que esse três campos representam muito melhor o encontro entre uma pessoa e um profissional de saúde do que simplesmente um rótulo que define uma doença.

O que devemos ter claro é que não se trata de uma competição, uma discussão sobre qual seria o sistema de classificação mais adequado ou completo – até porque, se levarmos ao pé da letra, a CID sequer pode ser considerada um sistema de classificação (mas felizmente não pretendemos entrar nesse assunto).

O que se deve perceber é a filosofia que há por trás dessas duas páginas simpáticas, coloridas e fáceis de entender.

A CIAP é a chave para se retirar a importância desproporcional dada às doenças e transferí-las às pessoas.
É uma maneira de aceitarmos os limites das nossas certezas.

Se como médicos somos forçados, em um contato pontual com um paciente, a estabelecer um diagnóstico e literalmente rotulá-lo com uma doença (atribuir um CID a cada consulta faz parte da nossa burocracia cotidiana), corremos o risco de sermos levianos ou precipitados, pois na maioria da vezes não é possível fazer isso.

Ainda, codificar o real motivo da consulta é um desafio para o profissional, pois este muitas vezes não está explícito. O sujeito que queixa dores no peito pode não estar incomodado com a dor, e sim com medo de ter um infarto, pois seu pai morreu disso.

Conhecer a verdadeira razão de uma pessoa buscar atendimento requer grande hablidade de comunicação. Por isso, utilizar a CIAP é um convite ao resgate de uma relação médico-paciente mais transparente, baseada na confiança e no entedimento mútuos.

Alguns poucos países já utilizam a CIAP rotineiramente. Muitos outros estão em vias de fazê-lo. O Brasil caminha nesse sentido, e tem avançado a passos largos.

A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade adquiriu o direito de uso da CIAP, a traduziu, publicou e distribuiu o livro gratuitamente para médicos de família de todo o país. Está agora finalizando a tradução do primeiro prontuário eletrônico a ser usado no Brasil fundamentalmente estruturado nessa classificação. Vai ainda treinar profissionais para seu uso, objetivando a criação de uma rede nacional de pesquisadores.

No centro desses esforços não estão apenas números e letras, códigos e classificações. Encontram-se profissionais conscientes de algumas mudanças que se fazem necessárias para melhorarmos a organização dos serviços e elevarmos o nível dos cuidados prestados; médicos que zelam pela satisfação, pelo conforto e segurança de seus pacientes; pessoas simplesmente comprometidas com uma prática mais humana da medicina.

Publicado originalmente por Gustavo Landsberg em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com



Entenda: 

Como a CIAP pode ser benéfica para o médico e para o paciente (exemplo prático):

Overdiagnosis: Como a compulsão médica por diagnósticos pode ser danosa para crianças.


Leia também:Rumo à implantação do CIAP no Brasil

Revisão da Linha guia do transtorno de Hiperatividade e Déficit de Atenção

Publicado originalmente por Ricardo Alexandre de Souza em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com

Linha guia do transtorno de Hiperatividade e Déficit de Atenção
Orientações do CDC para crianças e famílias com TDAH

• Qualquer criança com idade de 4 a 18 anos que se apresenta com problemas acadêmicos ou de comportamento e sintomas de desatenção, hiperatividade ou impulsividade devem ser avaliados para TDAH (qualidade de evidência B / recomendação forte).
• Recomendações para a gestão do TDAH variar de acordo com a idade do paciente.
• A primeira linha de tratamento para o TDAH crianças pré-escolares (idade, 4-5 anos) deve ser baseada em evidências de pais e / ou professor-administrada terapia comportamental (qualidade de evidência A recomendação /recomendação forte). Metilfenidato podem ser prescritos se intervenções comportamentais são mal sucedidos.
• Em áreas onde baseadas em evidências tratamentos comportamentais não estiverem disponíveis, os riscos de início da medicação em uma idade precoce deve ser pesado contra o dano de diagnóstico e tratamento atrasar (qualidade de evidência B / recomendação).
• em idade escolar primária crianças (idade, 6-11 anos) com TDAH deve receber medicamentos aprovados pela FDA (qualidade de evidência A recomendação / strong) e / ou baseada em evidências de pais e / ou professor-administrado a terapia de comportamento e, de preferência ambos (qualidade de evidência B / recomendação forte).
• Evidência para a farmacoterapia em crianças de 6 a 11 anos de idade é o mais forte de medicamentos estimulantes e é suficiente, mas menos forte, para atomoxetine, extended-release guanfacina, e de liberação prolongada clonidina, nessa ordem (qualidade de evidência A recomendação / recomendação forte ).
• Adolescentes (idade, 12-18 anos) deve consentir e receber os medicamentos aprovados pelo FDA para o TDAH (qualidade de evidência A recomendação / recomendação forte) e / ou comportamento terapia (qualidade de evidência C / recomendação), e de preferência os dois.
• Os critérios para TDAH do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4 ª Edição (DSM-IV), devem ser cumpridos para fazer o diagnóstico, e qualquer outra causa deve ser descartada (qualidade de evidência B / recomendação forte).
• Estes critérios incluem a documentação comprometimento em mais de uma definição importante. Informações devem ser obtidas principalmente a partir de relatos de pais, tutores, professores e outras escolas e clínicos de saúde mental envolvidos nos cuidados da criança.
• Ao avaliar uma criança para o TDAH, o clínico deve incluir a avaliação de possíveis comorbidades (eg, emocionais ou comportamentais, de desenvolvimento e condições físicas, qualidade de recomendação evidência B / recomendação forte).
• O TDAH é uma condição crônica associada com as necessidades de saúde especiais. Manejo de crianças e jovens com TDAH devem seguir os princípios do modelo de atenção crônica e da casa de saúde (qualidade de evidência B / forte recomendação).
• As doses da medicação para o TDAH deve ser titulada para alcançar o máximo benefício com o mínimo de efeitos adversos (qualidade de evidência B / recomendação forte).

terça-feira, 1 de novembro de 2011

III Congresso Sul-Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade e I Seminário Nacional de Comunicação Clínica.

III Congresso Sul-Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade e do I Seminário Nacional de Comunicação Clínica.

Estes eventos acontecem no momento em que Florianópolis consolida a medicina de família e comunidade na Atenção Primária a Saúde(APS), com profissionais de formação específica na área, dia-a-dia fortalecendo a APS deste município.

O tema central é a Comunicação Clínica, uma habilidade fundamental na Atenção Primária para compreender melhor a demanda daqueles que nos procuram. O evento contará com palestrantes nacionais, internacionais e variada programação cultural: concurso de contos, fotos e de vídeos, entre outras atividades.

Acesso ao site do Evento: www.sulbrasileiromfc.com.br