domingo, 29 de março de 2015

Afinal, o que é essa tal de CIAP? [2]


Entenda

A partir de junho de 2015 o e-SUS AB será universal, o que significa dizer que todos os municípios deverão fazer uso dele para informar as ações desenvolvidas na Atenção Primária. A ferramenta já é usada em pelo menos uma unidade de saúde de 45,6% dos municípios brasileiros.

 A partir de maio, os 1.296 municípios que ainda não iniciaram a implantação do e-SUS AB (segundo dados do Ministério da Saúde) contarão o apoio presencial de consultores especializadospara pactuar agendas locais ou regionais, instalar o software necessário e realizar oficinas para capacitar os trabalhadores.

Por meio do e-SUS AB, a rede de atendimento na APS alimentará o Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SIS-AB), que substituirá o Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB).Dentro do e-SUS AB e portanto da rede SIS-AB, a produção médica passa a contar com a ficha de atendimento individual que contempla, a partir de então, a Classificação Internacional da Atenção Primária (CIAP) para o registro de diagnósticos

Detalhe da ficha de Atendimento Individual:  No verso, o preenchimento se dá preferencialmente pela CIAP

A licença para o uso da CIAP no Brasil foi adquirida pela Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade e pelo Ministério da Saúde na década passada, mas apenas agora, com o e-SUS AB, passa a ter maior visibilidade. 


Mas afinal, o que é a CIAP?

A Classificação Internacional da Atenção Primária segue uma lógica de capítulos até certo ponto similar a Classificação Internacional de Doenças (CID), mas suas semelhanças param por aí. 

Em primeiro lugar, ao se usar a CIAP, está-se usando uma classificação que não é médico-específica, podendo igualmente ser usada por diversos profissionais de saúde. Em outras palavras: hoje médicos usam CID, enfermeiros a CIPESC (Classificação Internacional de Procedimentos de Enfermagem em Saúde Coletiva), Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais a CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade) e assim por diante. Com a CIAP a comunicação melhora muito.

Em segundo lugar, a CIAP classifica motivos de consultas, ou motivos pelos quais a pessoa procurou o sistema de saúde. Na Atenção Primária, até 50% das consultas não tem elementos suficientes para se chegar a um diagnóstico determinado. Isto vai de encontro a alguns pontos:
  1. Entender o adoecimento, ou seja, a perspectiva do paciente, ao se registrar o que a trouxe ao consultório e não a suspeita do profissional.
  2. Classificar o motivo real da consulta e não o provável diagnóstico, não tentando encaixar obrigatoriamente o paciente em uma caixinha de diagnóstico (muitas vezes causando iatrogenia).
  3. Apresentar também motivos de consultas que não são "doenças" (e portanto não são classificáveis pela CID), tais como  medo de câncer, preocupação com a aparência, problemas com a vizinhança ou relacionados ao trabalho, problema conjugal, perda de familiar. Não são doenças, mas são fatores que definitivamente afetam a saúde. 

Em terceiro lugar, a CIAP segue uma organização do processo diagnóstico em sete componentes iguais para todos os capítulos:
1 Componente de queixas e sintomas 
2 Componente de procedimentos diagnósticos e preventivos 
3 Componente de medicações, tratamentos e procedimentos terapêuticos 
4 Componente de resultados de exames 
5 Componente administrativo 
6 Componente de acompanhamento e outros motivos de consulta 
7 Componente de diagnósticos e doenças, incluindo: doenças infecciosas, neoplasias, lesões, anomalias congênitas e outras doenças específicas;

Assim, a sua classificação em linhas gerais segue a seguinte lógica:


Fonte: Landsberg et al, 2012 [link abaixo]


Em quarto lugar, a CIAP traz sempre três informações que representam melhor o contato da pessoa com seu profissional longitudinal de saúde do que simplesmente um rótulo que define uma doença (LANDSBERG, 2011): 
  1. O Motivo da consuta; 
  2. O Diagnóstico ou problema percebido pelo profissional;
  3. A Intervenção ou procedimento feito em relação ao problema. 

Como utilizar a CIAP?

A CIAP, portanto, é composta pelos seguintes capítulos:


CAPÍTULO DA CIAP-2
A – GERAL E INESPECÍFICO
B – SANGUE, SISTEMA HEMATOPOIÉTICO, LINFÁTICO E BAÇO
D – DIGESTIVO
F – OLHO
H – OUVIDO
K – CIRCULATÓRIO
L – MÚSCULO-ESQUELÉTICO
N – NEUROLÓGICO
P – PSICOLÓGICO
R – RESPIRATÓRIO
S – PELE
T - ENDÓCRINO/METABÓLICO/NUTRICIONAL
U – URINÁRIO
W - GRAVIDEZ/PARTO E PLANEJ. FAMILIAR
X – GENITAL FEMININO
Y – GENITAL MASCULINO
Z – PROBLEMAS SOCIAIS


Para cada contato do profissional de saúde com o paciente, deve ser registrado o CIAP relativo a queixa ou motivo de consulta em questão, assim como o diagnóstico quando possível e passível de ser feito (suspeitas diagnósticas não são registradas, como por exemplo "Refluxo? Esofagite??? Gastrite???" e a classificação com pirose ou dor de estômago é a preferida até que se possa fechar o diagnóstico) e finalmente qual procedimento foi solicitado/ realizado. 

Você pode consultar a CIAP (em sua edição atual) nos quadros a seguir, de maneira mais simplificada, ou visitar o livro online, mais completo, cujo link se encontra ao final dessa postagem. Para ver em formato legível, clique em cada figura a seguir (e depois utilize a lupa):




O livro suprareferido (cujo link encontra-se ao final dessa postagem) contempla inclusive uma tabela de conversão CIAP - CID - CIAP. Vale a pena baixar e ter em mãos. 



Leia ainda:
Medicina de Família: Afinal o que é essa tal de CIAP?
SBMFC: Rumo a implantação da CIAP no Brasil


Para saber mais

1) Entenda a importância de usar a CIAP para conhecer sua demanda (o caso de Betim):

LANDSBERG, GP; SAVASSI, LCM; SOUSA, AB; FREITAS, JM; NASCIMENTO, J; AZARGA P. Análise de demanda em Medicina de Família no Brasil utilizando a Classificação Internacional de Atenção Primária. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2012, vol.17, n.11, pp. 3025-3036. ISSN 1413-8123. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/csc/v17n11/v17n11a18.pdf


2) Os ganhos do e-SUS e a ficha de atendimento individual ou de procedimentos (vídeo):



3) Acesse o livro completo CIAP 2 (WONCA/ SBMFC/ ArtMed):

World Organization of National Colleges, Academies, and Academic Associations of General Practitioners/Family Physicians Classificação Internacional de Atenção Primária (CIAP 2) / Elaborada pelo Comitê Internacional de Classificação da WONCA  2. ed. – Florianópolis : Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, 2009. Disponível em  http://www.sbmfc.org.br/media/file/CIAP%202/CIAP%20Brasil_atualizado.pdf 


Publicado originalmente por Leonardo C M Savassi em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com

domingo, 22 de março de 2015

(Ainda) não há resistência de MRSA comunitário nas infecções de pele nos EEUU.

Clindamycin versus Trimethoprim–Sulfamethoxazole for Uncomplicated Skin Infections

DOI: 10.1056/NEJMoa1403789

Trimetoprim-sulfametoxazol (TMP-SMZ) e clindamicina tem taxas de cura semelhantes em pacientes com infecções cutâneas não complicadas, de acordo com um estudo publicado no New England Journal of Medicine de 2015.


Entenda

O tratamento da celulite (atenção leigos: celulite não é aquelas alterações de fundo "estético", mas infecções de pele e subcutâneo representados por vermelhidão, calor local e febre) ou erisipela no Brasil é feito em geral a base de cefalosporinas de primeira geração. 

Nos Estados Unidos, porém, há um aumento no número de Staphylococcus aureus meticilina-resisentes (MRSA) de âmbito comunitário, fruto do uso indiscriminado de antibióticos pela população, com ou sem orientação médica. 

Com isto, cresceu o temor de que infecções cutâneas pudessem ser resistentes a antibióticos de primeira linha. A boa notícia é que parece que isto ainda não ocorreu.



O que este artigo acrescenta:

Os investigadores registraram cerca de 500 pacientes ambulatoriais (idade média de 27 anos), com celulite, abscesso, ou ambos em centros médicos em regiões onde Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) adquirido na comunidade é endêmico. Os participantes foram randomizados para TMP-SMZ ou clindamicina por 10 dias.

A taxa de cura 7-10 dias após a conclusão da terapia foi semelhante nos dois grupos (aproximadamente 80%). Os efeitos adversos - mais comumente, queixas gastrintestinais - ocorreram em cerca de 19% dos pacientes em cada grupo. Nem infecção por Clostridium difficile nem eventos adversos graves  foram relatados em ambos os grupos.

A principal conclusão é que a monoterapia com TMP-SMZ pode ser uma opção de tratamento para celulite não purulenta - para uma subpopulação mais jovem muito seleto com infecções não complicadas, sem manifestações sistêmicas, e com poucas ou nenhumas condições de comorbidade. 

Para a maioria dos pacientes, no entanto, os antibióticos beta-lactâmicos com atividade contra estreptococos beta-hemolíticos e S. aureus (por exemplo, cefalexina ou dicloxacilina) continuam a ser as opções empíricas de primeira linha para a celulite não purulenta. 

No Brasil, portanto, podemos continuar usando a cefalexina, tendo em mente que o TMP-SMZ pode ser uma opção válida e de melhor adesão ao esquema terapêutico (12/12 horas). 



Leia o resumo traduzido:
FUNDO: As infecções de pele e da estrutura da pele são comuns em ambientes ambulatoriais. No entanto, a eficácia de vários regimes de antibióticos na era do Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) adquirido na comunidade não está clara.
MÉTODOS: Foram incluídos pacientes ambulatoriais com infecções cutâneas não complicadas que tiveram celulite, abcessos maiores que 5 cm de diâmetro (menores para as crianças mais jovens), ou ambos. Os pacientes foram inscritos em quatro locais de estudo. Todos foram submetidos a incisão e drenagem de abcessos. Os pacientes foram distribuídos aleatoriamente em uma proporção de 1:1 para receber clindamicina ou sulfametoxazol-trimetoprim (TMP-SMZ) por 10 dias. Os doentes e os investigadores não tinham conhecimento das atribuições de tratamento e os resultados dos testes microbiológicos. O desfecho primário foi a cura clínica 7 a 10 dias após o final do tratamento.
RESULTADOS: Um total de 524 pacientes foram arrolados (264 no grupo de clindamicina e 260 no grupo TMP-SMZ), incluindo 155 crianças (29,6%). Cento e sessenta pacientes (30,5%) tiveram abscesso, 280 (53,4%) tinham celulite, e 82 (15,6%) tiveram infecção mista, definida como pelo menos uma lesão abcesso e uma lesão celulite. S. aureus foi isolado das lesões de 217 doentes (41,4%); os isolados em 167 (77,0%) desses pacientes eram MRSA. A proporção de pacientes curados foi semelhante nos dois grupos de tratamento na população de intenção de tratar (80,3% no grupo de clindamicina e 77,7% no grupo TMP-SMZ; diferença de -2,6 pontos percentuais; intervalo de confiança de 95% [IC ], -10,2 a 4,9; P = 0,52) e para as populações de pacientes que puderam ser avaliados (466 pacientes; 89,5% no grupo de clindamicina e 88,2% no grupo TMP-SMZ; diferença, -1,2 pontos percentuais; 95% CI, -7,6 para 5,1; P = 0,77). As taxas de cura não diferiram significativamente entre os dois tratamentos nos subgrupos de crianças, adultos e pacientes com abscesso contra celulite. A proporção de pacientes com eventos adversos foi similar nos dois grupos.
CONCLUSÕES: Não houve diferença significativa entre a clindamicina e TMP-SMZ, com relação a eficácia ou perfil de efeitos colaterais, para o tratamento de infecções cutâneas não complicadas, incluindo tanto a celulite e abscesso. 
Número ClinicalTrials.gov: NCT00730028

Acesse:





Publicado originalmente por Leonardo Savassi em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com

sábado, 21 de março de 2015

Abuso de alcool versus horas de trabalho: Work Hard, Party Harder?

Long working hours and alcohol use: systematic review and meta-analysis of published studies and unpublished individual participant data 

BMJ 2015; 350 doi: http://dx.doi.org/10.1136/bmj.g7772

Longas horas de trabalho pode aumentar o risco para o abuso de álcool, de acordo com uma meta-análise abrangendo mais de 300.000 pessoas de 14 países publicada no British Medical Journal (BMJ) de janeiro de 2015


Entenda:

Suspeita-se (há tempos) que muitos trabalhadores usem o álcool (ou mesmo outras drogas como tabaco e drogas ilícitas) como um elemento capaz de promover alívio de ordem mental e física que reduza a carga das responsabilidades do trabalho e para tornar mais "agradável" a transição do trabalho para casa. Em termos leigos: "tomar umas e outras para relaxar".

Sempre se focou no conteúdo do trabalho (tipo de demanda, tipo de trabalho, responsabilidades envolvidas e ergonomia) quando se pensa em saúde, mas as horas trabalhadas estão se mostrando tão ou mais importantes para a saúde dos trabalhadores e seus entes pessoais.

Muitos trabalhadores tem jornadas de trabalho de longas horas, e hoje lidamos com esforços de políticas públicas e da Medicina do Trabalho para reduzir os regulamentos contra a longas horas de trabalho. No Brasil, um exemplo claro e recente disto refere-se a tentativa de redução da jornada de trabalho de enfermeiros no Sistema Único de Saúde.

Ou seja, a temática é foco de atenção por profissionais de saúde, decisores das politicas públicas e todos os interessados na saúde, sendo necessário avaliar o impacto das longas horas de trabalho sobre a saúde.

Para avaliação de problemas relacionados ao uso do álcool, um dos questionários mais utilizados na Atenção Primária a Saúde é o questionário CAGE (C - Cut-down; A - Anoyed; G - Guilty; E - Eye-opener).

O questionário CAGE é uma alternativa fácil, rápida e pouco intimidativa na detecção dos problemas relacionados ao uso de álcool. É voltado para realizar o diagnóstico da "Síndrome de Dependência do Álcool" (SDA), proposto por Ewing & Rouse e traduzido e validado para o português por Masur & Monteiro, com 88% de sensibilidade (porcentagem de alcoolistas corretamente identificados) e 83% de especificidade.

O questionário CAGE é apresentado a seguir:

Consideram-se:
2 respostas positivas: alto risco de dependência do Alcool
1 resposta positiva: alto risco de abuso de Alcool 


Por outro lado, considera-se "Risco Alcoolico" quando se faz uso de mais do que 14 doses por semana para as mulheres e mais de 21 doses por semana para os homens. Beber este muito pode aumentar o risco de problemas de saúde, tais como doenças do fígado, câncer, acidente vascular cerebral, doenças cardíacas e transtornos mentais.

Os problemas relacionados ao uso de álcool são responsáveis por 54% dos acidentes de trabalho com afastamento e por 40% dos acidentes com morte. Além disto, trabalhadores com problemas relacionados ao álcool costumam faltar 5 a 7 vezes mais ao trabalho (26 dias por ano, em média), segundo a Organização Internacional do Trabalho.

Os trabalhadores que bebem em excesso podem estar tentando lidar com uma variedade de doenças relacionadas ao trabalho. Pessoas que tentam aliviar seus sintomas relacionados ao trabalho com álcool podem estar sob stress, depressão, fadiga e distúrbios do sono, ou simplesmente em burnout.

No estudo apontado aqui, os funcionários que trabalhavam mais de 48 horas por semana eram quase 13 por cento mais propensos a consumir alcool em excesso do que aqueles que trabalhavam 48 horas ou menos.


O que este estudo traz:

Foram coletados dados em mais de 333 mil pessoas em 14 países. Descobriu-se que mais horas de trabalho aumentou a probabilidade de altas taxas de consumo de álcool 11 por cento. Uma análise de um adicional de 100.600 pessoas de nove países encontrou um aumento semelhante no risco.

Estatísticas de 18 estudos publicados mostraram que aqueles que trabalharam 49-54 horas por semana tiveram um risco aumentado em 13 por cento para excesso de bebida, e aqueles que trabalhavam 55 horas por semana ou mais tinham um risco aumentado de 12 por cento em comparação com aqueles que trabalharam 35 para 40 horas por semana. Estes resultados não foram diferentes para homens e mulheres ou por idade, condição socioeconômica ou país

Embora os riscos não fossem tão altos, estes resultados sugerem que algumas pessoas podem ser propensas a lidar com o excesso de horas de trabalho através de hábitos não saudáveis, neste caso usando álcool acima dos limites recomendados.

A evidência parece bem forte de que mais horas de trabalho estão associadas a um aumento da probabilidade de desenvolvimento de risco de beber, mas este estudo só aponta uma associação entre longas horas de trabalho e risco de beber, e não necessariamente que trabalhar longas horas foi a causa específica do consumo pesado, não provando nenhuma relação de causa e efeito

Não está claro, também, a partir deste estudo se algum outro fator, como a natureza daqueles que trabalham mais horas, contribui para o hábito de beber mais. Mas a ideia aqui é de que é preciso pensar com cuidado antes de permitir ou incentivar que os trabalhadores assumam horas em excesso, pois isso pode aumentar os níveis de consumo.

Em outras palavras, se aqueles que mais trabalham em termos de horas são aqueles que "enfiam o pé na jaca", não deveria ser uma boa estratégia para empresas estimular as horas extras ou o aumento da carga horária, sob riscos de lidar com o abuso de substâncias e o adoecimento. 


Saiba mais:

Medicina de Familia: Relação de álcool e problemas do sono
Medicina de Familia: Quem trabalha muito... morre?


Leia o abstract traduzido:

Objetivo: Quantificar a associação entre as longas horas de trabalho e uso de álcool.

Projeto: Revisão sistemática e meta-análise de estudos publicados e dados dos participantes individuais não publicados antes.

Fontes de dados: Busca sistemática das bases de dados PubMed e Embase em abril de 2014 para estudos publicados, complementadas com pesquisas manuais. Dados dos participantes individuais não publicados foram obtidos a partir de 27 estudos adicionais.

Métodos de revisão: A estratégia de busca foi projetada para recuperar e estudos prospectivos e transversais sobre a associação entre as longas horas de trabalho e uso de álcool. Estimativas resumidas foram obtidas com efeitos aleatórios da meta-análise. Fontes de heterogeneidade foram examinadas com a meta-regressão.

Resultados:  A análise transversal foi baseada em 61 estudos que representam 333.693 participantes de 14 países. Análise prospectiva foi baseado em 20 estudos representando 100 602 participantes de nove países.
A proporção máxima ajustada de odds reunidas para a associação entre as longas horas de trabalho e uso de álcool foi de 1,11 (95% intervalo de confiança 1,05-1,18) na análise transversal dos dados publicados e não publicados.
A razão de chances de nova utilização inicial de risco de álcool foi de 1,12 (1,04-1,20), na análise de potenciais dados publicados e não publicados.
Nos 18 estudos com dados de participantes individuais, foi possível avaliar a diretiva sobre o tempo de trabalho da União Europeia, que recomenda um limite máximo de 48 horas por semana. Odds ratio de início novo do uso de risco de álcool para aqueles que trabalham 49-54 horas e ≥55 horas por semana foram 1,13 (1,02-1,26; diferença ajustada de incidência de 0,8 pontos percentuais) e 1,12 (1,01-1,25; diferença de incidência ajustadas em 0,7 pontos percentuais ), respectivamente, em comparação com o padrão de trabalho 35-40 horas (incidência de novos sintomas de risco de álcool usar 6,2%).
Não houve diferença nestas associações entre homens e mulheres ou por grupos etários ou socioeconômicos, regiões geográficas, tipo de amostra (coorte ocupacional versus base populacional), prevalência do uso de risco de álcool na coorte, ou taxa de atrito da amostra.  
Conclusões: Indivíduos cujas horas de trabalho exceder recomendações padrão são mais propensos a aumentar o uso de álcool em níveis que representem um risco para a saúde.


Leia o Artigo em:




Acesse também:

Uma avaliação sobre uso de Alcool em Funcionários da Prefeitura de São Paulo:

Outra avaliação sobre uso de Alcool em Profissionais de Pronto Socorro:




Publicado originalmente por Leonardo C M Savassi em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com


sexta-feira, 20 de março de 2015

Incidência de tuberculose está "caindo menos"... nos EEUU

Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR) 
Tuberculosis Trends — United States, 2014 

 A taxa de incidência da tuberculose em os EUA em 2014 foi de 3,0 por 100.000 habitantes, o que representa uma queda de 2,2% desde 2013, de acordo com um artigo MMWR.

Entenda:


A incidência de tuberculose (TB) dentro dos Estados Unidos tem reduzido desde 1993, mas uma proporção crescente de casos estão entre as pessoas que nasceram no exterior.

Vigilância constante, vigilância e medidas de prevenção são necessárias para alcançar a meta de eliminação da TB para menos de 1 caso por 1 milhão de pessoas.

Para continuar a avançar na eliminação, o alinhamento das atividades de controle interno com iniciativas internacionais de controle da TB é necessária para enfrentar crescentes disparidades entre pessoas nascidas nos EUA e estrangeiros.

O tratamento de pessoas de alto risco com infecção por Mycobacterium tuberculosis latente também é necessário para resolver esta disparidade.


O que este artigo traz:

Os dados provisórios de 2014 mostram que o número de casos de TB ativa recentemente relatados nos Estados Unidos foi de 9.412, (incidência de 3,0 casos por 100.000 pessoas). Esta é uma diminuição de 2,2% em relação à taxa em 2013. No entanto, este declínio foi o menor em mais de uma década.

Entre os outros resultados para 2014, a partir do Sistema Nacional de Vigilância da Tuberculose do CDC:
  • A taxa de TB entre os indivíduos nascidos no exterior foi de 13 vezes maior do que entre as pessoas nascidas nos EUA.
  • Os asiáticos continuaram a ter a maior taxa, em 18 por 100.000. Whites teve a menor taxa (0,6 / 100.000).
  • Quatro estados foram responsáveis por 50% dos casos: Califórnia, Flórida, Nova York e Texas.
  • Entre os 86% com o estatuto de HIV conhecida, 6% foram positivos para a infecção pelo HIV.
A figura a seguir demonstra a incidência de casos de tuberculose, por média estadual e nacional nos Estados Unidos em 2014:



O MMWR enfatiza a necessidade de identificar e tratar todas as pessoas com tuberculose latente entre os grupos de alto risco em os EUA, como os estrangeiros. A prioridade deve ser colocada sobre os que estão em maior risco de reativação, incluindo os da África Subsaariana ou Sudeste Asiático.

Leia mais em:



Publicado originalmente em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com

terça-feira, 10 de março de 2015

Humulin® sai da lista da Farmácia Popular

Insulina aprovada pela Farmácia Popular agora é a Novomulin®

A insulina humana NPH para caneta Humulin® do laboratório Lilly está fora da cobertura da "Farmácia Popular", segundo levantamento nas farmácias que atendem ao programa. 



Balconistas das Redes Farmacêuticas afirmam que a Insulina Humulin® para caneta não faz mais parte da lista de medicamentos sob cobertura da farmácia popular. Os diabéticos que fazem uso do medicamento passam a contar com a insulina Novomulin®.

Na listagem atual do Ministério da Saúde, não há uma especificação sobre qual a marca de insulina NPH, mas tampouco há uma determinação sobre qual das insulinas disponíveis é coberta pelo programa. 
E nesta mesma listagem, o código de barras da Humulin® da empresa Lilly é listado dentre os códigos cobertos pelo programa: 


O problema é que o refil da Novomulin® não se adéqua à caneta da Humulin® e a caneta para a Novomulin® custa mais de R$90,00. Ou seja, os diabéticos terão que comprar uma nova caneta cujo preço nem sempre caberá no orçamento familiar. Com isto, vislumbra-se um novo problema no tratamento de diabéticos no Brasil. 

Os profissionais de saúde devem estar atentos a novidade: pacientes podem descontinuar tratamentos caso a receita médica não esteja acompanhada de orientações quanto a substituição do medicamento, e ainda que seja substituído, os pacientes devem ser informados quanto a necessidade de compra de nova caneta.

Resta saber se na listagem de março realmente a Humulin® e seu respectivo código de barras estarão fora da cobertura do programa. Ou se há algum mal entendido nesta informação dada por balconistas das redes farmacêuticas. 


Acesse:

A lista do Programa Farmácia Popular:


Leia mais:




Publicado originalmente por Leonardo Savassi em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com